sábado, agosto 28

Keeping Things Whole


In a field
I am the absence
of field.
This is
always the case.
Wherever I am
I am what is missing.

When I walk
I part the air
and always
the air moves in
to fill the spaces
where my body's been.

We all have reasons
for moving.
I move
to keep things whole.



(Mark Strand 1963)

quinta-feira, agosto 26

Retorno


Subitamente, perco o controlo nas horas e o coração gira (entre mãos) pelo volante. Lembro-me das palavras e de como o tempo jurava voar quando solto dos teus lábios.

Memória.

Um corpo trémulo, fragilizado por qualquer intempérie, o meu peito em asfixia. Dói-me o corpo todo – dizias – e eu tremia contigo. A mão pelos cabelos, o desejo de um poder maior (pudesse eu curar-te), os joelhos doridos a forçar o chão. Velei o teu sono e só um toque ousei na tua pele.

Retorno no tempo e penso se, ao acordar, deste conta da cicatriz nos meus olhos.

quarta-feira, agosto 25

Vácuo



no sleep


o teu lugar
será sempre este
e é sempre um pranto vê-lo vazio

ouve - um dia - um dia teremos todos os lugares para nós

segunda-feira, agosto 23

Não rasguei as tuas páginas



hold me


olho para as coisas
como se já não me pertencessem
e já nem o meu reflexo as preenche
de tão vazias que ficaram


agora - sem ti - durmo sempre num lugar estranho

quinta-feira, agosto 19

Sacrifice me


hold me


cuida bem de mim
e guarda entre mãos o que é teu
para que
quando eu voltar
possa regressar a mim

terça-feira, agosto 17

Wherever I am I am what is missing


regresso


a última vez que te vi
tinhas os olhos perdidos nos meus
- lembro-me -
estendemos as mãos em gesto de cuidado
e abraçámos os dedos
como quando o mar nos enlaçava
e me pedias para ficar

a última vez que te vi
os teus olhos desbotaram os meus
e num instante fiz a eternidade
- a música -
esse silêncio em contrabaixo
a ocupar o lugar da tua voz
esta inquietude antecipada
de quem não sabe como
desapertar o peito