domingo, julho 31

por ti deixei por ti voltei


nas tuas mãos acabam as cores dos abismos e da escuridão
como se morada fossem para um sorriso
nas tuas mãos recordar é correr atrás de ti
e pedir que não entres no mar
para que não te esqueças de mim pelos teus caminhos
ou então pedir que me dês a mão
e me acompanhes por florestas cerradas e noites de insónia

sobrepostas ao tempo
nas tuas mãos um arco-íris começa e um arco-íris termina
num caminho feito de estrelas onde nunca me perco

terça-feira, julho 19

domingo, julho 17

pouco a pouco menos um pouco


aqui, onde o sol nunca enternece
o sexo pousa inclinado sobre os telhados
e as memórias mergulham fundo atravessando o meu ventre
e choro a minha cidade na palavra saudade
onde sempre, e tal como tu me disseste
perdemos os dias e o ganho das horas
e todas as conquistas parecem ingratas
aqui, choro esta terra perdida em excessos
no veneno do corpo nos poros da pele
vencer mais um pouco um pouco a cada dia
e morrer mais um pouco à hora de dormir

segunda-feira, julho 11

dedicatória



onde quer que estejas agora
sei que me ouves neste meu silêncio
a pedir que voes alto nesse azul eterno
onde é sempre dia e nunca anoitece
e só pode ser assim
só pode ser assim esse sítio que tantos dizem
melhor que este
- tão bonito como tu -
e na minha memória eternamente
eu pequenina, tu cheia de amor
a abrir o armário e a oferecer-me um chocolate
as tuas mãos eternas os teus olhos doces
descansa agora avó e dorme o teu sono
connosco em todo o tempo todo o teu amor

sexta-feira, julho 8

disseste que poderia ser só um tempo




Ou então, que talvez fosse melhor ficarmos só assim. E hoje pergunto-te o que só assim significa, ou se foi por te ter dito que não, que sei de mim o suficiente para não saber da espera, que me passaste a odiar.

quinta-feira, julho 7

quarta-feira, julho 6

de olhos fechados


Tive o teu corpo esta noite: o teu corpo entre os meus braços; um corpo frágil que imitava o vento no meu.
Tu: nos meus braços outra vez; um corpo magro mais doente que nunca; foram só as lágrimas e o sorriso sincero (a felicidade entre os teus lábios) onde estiveste este tempo todo? o que te fizeram, que aconteceu?
Nos teus braços: não, nos meus braços, ou os teus braços nos meus braços; num abraço; digo se precisares de alguma coisa sabes que podes contar comigo, e num sorriso afastas-te como se o orgulho fosse mais forte.
Tive o teu corpo esta noite: a noite toda, acho; tive o teu corpo esta noite depois de chegar a casa; quando antes no posto dos correios julguei ver-te com um saco azul na mão à minha procura; quando antes no posto dos correios me rendi à razão que tanto procurei e só em ti achei; na recordação, na ilusão.
Tive o teu corpo esta noite: toda a noite entre os meus braços; e a manhã levou-te.
A manhã levou-te e deixou só a loucura que acontece no sono.

Quanto tempo mais.