terça-feira, setembro 2

A tua mão na minha

Sabes,
há flores que nascem fora da primavera e amores que não nascem no verão. Como se tudo o que é dito fosse certo, como se terra não rodasse debaixo dos pés, levitasse.
Olhamos para trás.
Não sei porque me escondi dos teus olhos, ou ainda das tuas mãos. Não sei porque fugi pelo tempo, entregue ao inexorável, ao inevitável, a mim.
Houve dias em que choveu lá fora, tanto como dentro do meu quarto, ou como dentro dos meus olhos... mas o meu sorriso foi maior.
Um dia houve primavera, e logo a seguir o verão. No meio dos dedos nasceram-me flores, embriagadas pela luz dos teus olhos, loucas com o teu sorriso, com a tua voz.
E como cúmplices de um mesmo passado, demos as mãos e vimos passar de barco a alegria do indecifrável.

Sabes,
agora olho para as minhas mãos e sinto nelas a falta das tuas.