Despedida
"Por mim, e por vós, e por mais aquilo
que está onde as outras coisas nunca estão
deixo o mar bravo e o céu tranqüilo:
quero solidão.
Meu caminho é sem marcos nem paisagens.
E como o conheces ? - me perguntarão. -
Por não Ter palavras, por não ter imagem.
Nenhum inimigo e nenhum irmão.
Que procuras ?
Tudo.
Que desejas ?
Nada.
Viajo sozinha com o meu coração.
Não ando perdida, mas desencontrada.
Levo o meu rumo na minha mão.
A memória voou da minha fronte.
Voou meu amor, minha imaginação ...
Talvez eu morra antes do horizonte.
Memória, amor e o resto onde estarão?
Deixo aqui meu corpo, entre o sol e a terra.
(Beijo-te, corpo meu, todo desilusão !
Estandarte triste de uma estranha guerra ... )
Quero solidão."
Cecília Meireles
Clapham at night time, lights wash the pretzel store, and - we're still there, my love
domingo, novembro 30
quarta-feira, novembro 26
domingo, novembro 23
Assalto
Tantas vezes quis dizer amo-te e não disse.
Tantas vezes quis ouvir da tua boca que o amor não acaba como acabam os barcos no infinito, quis abraçar-te num pranto e só deixei cair os braços no desespero de uma conformação por algo que eu sabia efémero, mesmo quando me davas a mão e dizias amo-te, ou quando me abraçavas e me prometias o amanhã.
Quantas vezes quis pedir-te para não deixarmos o tempo secar o orvalho das manhãs, nem as ondas apagarem as nossas pegadas.
Tantas vezes perguntei o que é o amor? e ninguém me soube responder... E afinal o amor é só isto: uma alma assaltada e um coração roubado.
E podia muito bem ter dito já que me assaltaste a alma, toma bem conta do meu coração.
Tantas vezes quis dizer amo-te e não disse.
Tantas vezes quis ouvir da tua boca que o amor não acaba como acabam os barcos no infinito, quis abraçar-te num pranto e só deixei cair os braços no desespero de uma conformação por algo que eu sabia efémero, mesmo quando me davas a mão e dizias amo-te, ou quando me abraçavas e me prometias o amanhã.
Quantas vezes quis pedir-te para não deixarmos o tempo secar o orvalho das manhãs, nem as ondas apagarem as nossas pegadas.
Tantas vezes perguntei o que é o amor? e ninguém me soube responder... E afinal o amor é só isto: uma alma assaltada e um coração roubado.
E podia muito bem ter dito já que me assaltaste a alma, toma bem conta do meu coração.
segunda-feira, novembro 17
sábado, novembro 15
Desenhos passados
Sem borracha, desenhei a minha vida sem o medo de errar. Agora, sentada a à conta do vento, penso "se voltasse atrás faria tudo igual" e que "nem os cortes que me feriram os dedos, das folhas, nem esses evitaria".
E é irónico como um desenho como este, com mais de sete anos, consegue trazer tantas recordações.
Sem borracha, desenhei a minha vida sem o medo de errar. Agora, sentada a à conta do vento, penso "se voltasse atrás faria tudo igual" e que "nem os cortes que me feriram os dedos, das folhas, nem esses evitaria".
E é irónico como um desenho como este, com mais de sete anos, consegue trazer tantas recordações.
terça-feira, novembro 11
E não existir
Algures, perdidas no infinito, estão as tuas mãos fechadas à espera do meu tempo.
Nasci não faz muito tempo, e tenho consciência que pouco me falta para o fim. É esta certeza que me faz querer tudo e saltar as ondas do mar atrás dos barcos, como se um sopro me acordasse do sono do cansaço.
Salto as ondas na proa da minha quimera, salto as ondas e cruzo a linha do infinito num mergulho só. Salto as ondas e nem dou conta das vezes que já me afoguei. É que, sabes, é só quando quero estar só que não suporto as portas abertas, é só quando quero a solidão que me tranco no convés do navio, daí o meu estômago revestido por uma camada de sal.
Lá longe, sempre lá longe a linha do infinito. Sempre as tuas mãos, fechadas, à espera do tempo, do meu tempo - do nada - e mesmo assim não paro, mesmo assim não descanso, porque a espera pelas estações é quebrada pela impaciência do cansaço, e todas as noites um sopro de violino me pede para viver.
Algures, perdidas no infinito, estão as tuas mãos fechadas à espera do meu tempo.
Nasci não faz muito tempo, e tenho consciência que pouco me falta para o fim. É esta certeza que me faz querer tudo e saltar as ondas do mar atrás dos barcos, como se um sopro me acordasse do sono do cansaço.
Salto as ondas na proa da minha quimera, salto as ondas e cruzo a linha do infinito num mergulho só. Salto as ondas e nem dou conta das vezes que já me afoguei. É que, sabes, é só quando quero estar só que não suporto as portas abertas, é só quando quero a solidão que me tranco no convés do navio, daí o meu estômago revestido por uma camada de sal.
Lá longe, sempre lá longe a linha do infinito. Sempre as tuas mãos, fechadas, à espera do tempo, do meu tempo - do nada - e mesmo assim não paro, mesmo assim não descanso, porque a espera pelas estações é quebrada pela impaciência do cansaço, e todas as noites um sopro de violino me pede para viver.
domingo, novembro 9
Darkness
Por vezes, quando as palavras nos enfurecem e atravessam que nem setas, tapamo-las com panos quentes - cobrindo também o coração - como base sobre olhos mal dormidos, sorrisos fingidos, máscaras de carnaval.
Às vezes esquecemo-nos que tudo o que é nosso existirá sempre, mesmo não visível aos sentidos. Sempre, sempre lá - não adianta tapar, esconder - e mesmo o amor, mesmo todas as coisas que não nos pertencem (mas por alguma razão fazem parte de nós) serão sempre o que são no seu lugar cativo. Mesmo mais, ou menos, serão sempre.
Escondê-las e observá-las entregues ao tempo não serve de nada, a não ser para simular setas e panos quentes, iludindo-nos com tantos disfarces.
Isto tudo como quem diz: Não vi o eclipse da lua.
Quando quiser fecho a janela - melhor - os olhos.
Por vezes, quando as palavras nos enfurecem e atravessam que nem setas, tapamo-las com panos quentes - cobrindo também o coração - como base sobre olhos mal dormidos, sorrisos fingidos, máscaras de carnaval.
Às vezes esquecemo-nos que tudo o que é nosso existirá sempre, mesmo não visível aos sentidos. Sempre, sempre lá - não adianta tapar, esconder - e mesmo o amor, mesmo todas as coisas que não nos pertencem (mas por alguma razão fazem parte de nós) serão sempre o que são no seu lugar cativo. Mesmo mais, ou menos, serão sempre.
Escondê-las e observá-las entregues ao tempo não serve de nada, a não ser para simular setas e panos quentes, iludindo-nos com tantos disfarces.
Isto tudo como quem diz: Não vi o eclipse da lua.
Quando quiser fecho a janela - melhor - os olhos.
quinta-feira, novembro 6
Janela
"Quando aqui não estás
o que nos rodeou põe-se a morrer
a janela que abre para o mar
continua fechada só nos sonhos
me ergo
abro-a
deixo a frescura e a força da manhã
escorrem pelos dedos prisioneiros
da tristeza
acordo
para a cegante claridade das ondas
um rosto desenvolve-se nítido
além
rasando o sal da imensa ausência
uma voz
quero morrer
com uma overdose de beleza
e num sussurro o corpo apaziguado
perscruta esse coração
esse
solitário caçador"
Al Berto - Vigílias
"Quando aqui não estás
o que nos rodeou põe-se a morrer
a janela que abre para o mar
continua fechada só nos sonhos
me ergo
abro-a
deixo a frescura e a força da manhã
escorrem pelos dedos prisioneiros
da tristeza
acordo
para a cegante claridade das ondas
um rosto desenvolve-se nítido
além
rasando o sal da imensa ausência
uma voz
quero morrer
com uma overdose de beleza
e num sussurro o corpo apaziguado
perscruta esse coração
esse
solitário caçador"
Al Berto - Vigílias
quarta-feira, novembro 5
Antes
"o tempo, subitamente solto pelas ruas e pelos dias,
como a onda de uma tempestade a arrastar o mundo,
mostra-me o quanto te amei antes de te conhecer.
eram os teus olhos, labirintos de água, terra, fogo, ar,
que eu amava quando imaginava que amava. era a tua
a tua voz que dizia as palavras da vida. era o teu rosto.
era a tua pele. antes de te conhecer, existias nas árvores
e nos montes e nas nuvens que olhava ao fim da tarde.
muito longe de mim, dentro de mim, eras tu a claridade."
José Luís Peixoto
"o tempo, subitamente solto pelas ruas e pelos dias,
como a onda de uma tempestade a arrastar o mundo,
mostra-me o quanto te amei antes de te conhecer.
eram os teus olhos, labirintos de água, terra, fogo, ar,
que eu amava quando imaginava que amava. era a tua
a tua voz que dizia as palavras da vida. era o teu rosto.
era a tua pele. antes de te conhecer, existias nas árvores
e nos montes e nas nuvens que olhava ao fim da tarde.
muito longe de mim, dentro de mim, eras tu a claridade."
José Luís Peixoto
segunda-feira, novembro 3
Lonely can be sweet
"Please, come sit down
I need to set you straight
Before we go any further
I’ve learned from loneliness
That lonely can be bitter and lonely can be sweet
Sure, I know I don’t need a man to be complete
And I also know that what I want and what I need
Don’t always meet
But being alone ain’t all that bad
‘Cause see
I’ve been there and I’ve done that
I’m in the midst of an evolution of myself
I was tired of the search
So I had to sit it on the shelf
Lonely can be sweet
Lonely can be sweet
My soul’s music
My life beat
Lonely can be sweet
(…)"
Ursula Rucker - lonely can be sweet
"Please, come sit down
I need to set you straight
Before we go any further
I’ve learned from loneliness
That lonely can be bitter and lonely can be sweet
Sure, I know I don’t need a man to be complete
And I also know that what I want and what I need
Don’t always meet
But being alone ain’t all that bad
‘Cause see
I’ve been there and I’ve done that
I’m in the midst of an evolution of myself
I was tired of the search
So I had to sit it on the shelf
Lonely can be sweet
Lonely can be sweet
My soul’s music
My life beat
Lonely can be sweet
(…)"
Ursula Rucker - lonely can be sweet