terça-feira, novembro 11

E não existir


Algures, perdidas no infinito, estão as tuas mãos fechadas à espera do meu tempo.
Nasci não faz muito tempo, e tenho consciência que pouco me falta para o fim. É esta certeza que me faz querer tudo e saltar as ondas do mar atrás dos barcos, como se um sopro me acordasse do sono do cansaço.
Salto as ondas na proa da minha quimera, salto as ondas e cruzo a linha do infinito num mergulho só. Salto as ondas e nem dou conta das vezes que já me afoguei. É que, sabes, é só quando quero estar só que não suporto as portas abertas, é só quando quero a solidão que me tranco no convés do navio, daí o meu estômago revestido por uma camada de sal.
Lá longe, sempre lá longe a linha do infinito. Sempre as tuas mãos, fechadas, à espera do tempo, do meu tempo - do nada - e mesmo assim não paro, mesmo assim não descanso, porque a espera pelas estações é quebrada pela impaciência do cansaço, e todas as noites um sopro de violino me pede para viver.