terça-feira, fevereiro 24

Desejo


Não, nunca quis roubar um grão que fosse do teu mundo. Mesmo quando não te conhecia, ou quando sonhava para mim que existirias num mundo aparte, um mundo recheado de encantos e de um suspiro capaz de, num segundo só, subtrair a ferida de um desencontro. Esse mundo que te espera, tão incerto como só o amanhã consegue ser, tão cheio de certezas que se desequilibram com a equimose da noite.
JÁ NÃO SOU POETA. Um dia vou olhar-te novamente fundo, novamente no absoluto dessa escuridão que te esconde o rosto por dentro, que te faz sombra na sombra do infortúnio. JÁ NÃO SOU POETA, roubaste-me o mel que eu vertia na escrita. Ou NUNCA FUI POETA, pois se o tivesse sido teria entornado toda a tua beleza nas palavras.