Five seconds
Sinto
só a loucura
de um abandono nunca dado,
das tuas mãos pelo teu cabelo
no meio de luzes ignóbeis,
numa primavera
onde poderia passar horas
a descobrir-te um sorriso.
Estranho desejo
este,
de querer dormir sem acordar
para poder sonhar-te,
e poder recordar
os teus olhos
a invadir os meus.
Mas
o sono nunca chega.
Só
sinto os teu passos
à noite,
quando os meus pés gelam,
onde tu não estás.
Clapham at night time, lights wash the pretzel store, and - we're still there, my love
segunda-feira, março 29
terça-feira, março 23
A minha vida em anexo
I haven't ever really found a place that I call home
I never stick around quite long enough to make it
I apologize that once again I'm not in love
But it's not as if I mind
that your heart ain't exactly breaking
Dido - Life for rent
Porque será que há sempre qualquer coisa - há sempre qualquer coisa nas palavras - que há sempre qualquer coisa nas palavras que oiço, venham elas de onde vierem?
I haven't ever really found a place that I call home
I never stick around quite long enough to make it
I apologize that once again I'm not in love
But it's not as if I mind
that your heart ain't exactly breaking
Dido - Life for rent
Porque será que há sempre qualquer coisa - há sempre qualquer coisa nas palavras - que há sempre qualquer coisa nas palavras que oiço, venham elas de onde vierem?
sábado, março 13
Ausência
Quando tu não estás
o mundo começa a morrer
e as crianças choram
num desespero só
na falta de um abraço,
e aos poucos,
a terra vai roubando ao firmamento
a instabilidade dos afectos.
Quando tu não estás
eu perco o chão
eu perco o ar
e os meus olhos secam que nem rosas
com o gelo
com o frio das noites sem ti,
porque só me sei situar
no meio de pétalas frescas
nos teus braços.
É este silêncio,
quando tu não estás,
este silêncio
que me rasga com unhas famintas
na intemporalidade
nos freios que perdi
quando te encontrei,
ou no que encontrei
quando te perdi.
E todos os retratos que te tirei
são impossíveis de apagar
pois nem as unhas mais ferozes
os podem rasgar da minha pele.
Quando tu não estás
o mundo começa a morrer
e as crianças choram
num desespero só
na falta de um abraço,
e aos poucos,
a terra vai roubando ao firmamento
a instabilidade dos afectos.
Quando tu não estás
eu perco o chão
eu perco o ar
e os meus olhos secam que nem rosas
com o gelo
com o frio das noites sem ti,
porque só me sei situar
no meio de pétalas frescas
nos teus braços.
É este silêncio,
quando tu não estás,
este silêncio
que me rasga com unhas famintas
na intemporalidade
nos freios que perdi
quando te encontrei,
ou no que encontrei
quando te perdi.
E todos os retratos que te tirei
são impossíveis de apagar
pois nem as unhas mais ferozes
os podem rasgar da minha pele.
quinta-feira, março 11
Your eyes are a strange place
It’s time like these,
when the entire moon perspires on car windows
and the sun reappears over-filling the ashtray,
that I remember I am made of the same flesh as all men
and that any slip-up can be fatal,
capable of, in an enchantment,
stealing portions of integrity.
For if when we leave for a place that’s far from everything
flying for any distant world,
and open our wings certain of ourselves,
laughing at the loneliness that ceased to exist,
comes destiny (or something else we’ve ceased to believe)
and undoes the volatile
forcing us to recall, if but for an instant,
that we are flesh
and blood
and arteries that flare when they pump
this strange substance that burns with a look,
and makes the heart trigger
in a second larger than eternity.
Obrigada, Hugo, pela tradução e por todo o carinho sempre demonstrado.
It’s time like these,
when the entire moon perspires on car windows
and the sun reappears over-filling the ashtray,
that I remember I am made of the same flesh as all men
and that any slip-up can be fatal,
capable of, in an enchantment,
stealing portions of integrity.
For if when we leave for a place that’s far from everything
flying for any distant world,
and open our wings certain of ourselves,
laughing at the loneliness that ceased to exist,
comes destiny (or something else we’ve ceased to believe)
and undoes the volatile
forcing us to recall, if but for an instant,
that we are flesh
and blood
and arteries that flare when they pump
this strange substance that burns with a look,
and makes the heart trigger
in a second larger than eternity.
Obrigada, Hugo, pela tradução e por todo o carinho sempre demonstrado.
segunda-feira, março 8
O sonho, as tuas mãos
Às vezes penso nos quadros do Philip Guston
e dou por mim num mundo ermo,
cheio de uma insatisfação doentia
e vergonha
que leva a cobrir a face,
como quando olho para os teus olhos
e me desconheço por completo.
Às vezes pergunto-me onde estavas
quando ainda desconhecia a metafísica,
e qualquer substância além do óbvio
era passível de uma surpresa absoluta,
onde tudo o que era vago
voava com as manhãs.
Vê como as minhas mãos tremem agora
numa oscilação forçada
pela vontade de refrear,
escuta o catapultar da minha respiração
no meio dos teus cabelos.
Não consigo fechar mais os olhos
ou ainda chamar o sono,
pois sempre que vem a noite
pergunto-me num só desejo,
se poderás juntar as tuas mãos
e me deixar morar nelas.
Às vezes penso nos quadros do Philip Guston
e dou por mim num mundo ermo,
cheio de uma insatisfação doentia
e vergonha
que leva a cobrir a face,
como quando olho para os teus olhos
e me desconheço por completo.
Às vezes pergunto-me onde estavas
quando ainda desconhecia a metafísica,
e qualquer substância além do óbvio
era passível de uma surpresa absoluta,
onde tudo o que era vago
voava com as manhãs.
Vê como as minhas mãos tremem agora
numa oscilação forçada
pela vontade de refrear,
escuta o catapultar da minha respiração
no meio dos teus cabelos.
Não consigo fechar mais os olhos
ou ainda chamar o sono,
pois sempre que vem a noite
pergunto-me num só desejo,
se poderás juntar as tuas mãos
e me deixar morar nelas.
domingo, março 7
Os teus olhos são um lugar estranho
É nestas alturas que,
quando a lua toda transpira nos vidros do carro
e o sol reaparece a transbordar do cinzeiro,
me lembro que sou feita da mesma carne que todos os homens
e que qualquer falta pode ser fatal,
capaz de, num encantamento,
roubar pedaços de integridade.
Pois se quando partimos para longe de tudo
voando para um qualquer mundo distante,
e abrimos as asas seguros de nós próprios,
rindo da solidão que deixou de existir,
vem o destino (ou qualquer outro em que deixámos de acreditar)
e desfaz a volatilidade
obrigando-nos a recordar, mesmo só por um instante,
que somos carne
e sangue
e artérias que pulsam em labareda
esta matéria estranha que arde com um olhar,
e faz o coração disparar
num segundo maior que a eternidade.
É nestas alturas que,
quando a lua toda transpira nos vidros do carro
e o sol reaparece a transbordar do cinzeiro,
me lembro que sou feita da mesma carne que todos os homens
e que qualquer falta pode ser fatal,
capaz de, num encantamento,
roubar pedaços de integridade.
Pois se quando partimos para longe de tudo
voando para um qualquer mundo distante,
e abrimos as asas seguros de nós próprios,
rindo da solidão que deixou de existir,
vem o destino (ou qualquer outro em que deixámos de acreditar)
e desfaz a volatilidade
obrigando-nos a recordar, mesmo só por um instante,
que somos carne
e sangue
e artérias que pulsam em labareda
esta matéria estranha que arde com um olhar,
e faz o coração disparar
num segundo maior que a eternidade.