sexta-feira, janeiro 7

o tempo é um floco de gelo que nunca caía em celeridade


ontem,
as horas e os dias existiam soltos num lugar deserto
num imaginário de aspirações longínquas
- em curva, por um caminho estreito que me trouxe aqui,
e me mostrou a solidão que acelera os relógios
.
eu sei que desde que me afundei nos teus olhos,
o tempo parou para em seguida voar
para correr em flecha por um novo vácuo,
uma ferida aberta num lugar deserto,
onde as flores secam e as palavras morrem
.
agora,
tenho para mim que o tempo preenche um lugar escuro,
um lugar estranho pela exactidão
que encolhe os dias e as camisolas,
o lugar na cama e os teus lençois
.
o tempo já não navega
e rouba-me os dias sem o teu olhar
.
um mês, C.
um mês e este lugar vazio que o tempo não preenche