domingo, abril 17

meio-fim


Nunca poderás dizer que nunca me dei.
Nunca poderás ver os meus olhos,
perdidos de medo,
a jurar um prenúncio de morte.
Já não sei mais que a escolha gratuita dos homens,
que a vulgar tentação da carne rendida ao sol.
Perco-me por entre portas.
Perco-me em copos sujos, saliva oferecida,
sensação abrupta da tua ausência.
Só um sonho e uma ideia ao despertar –
palavras que escorrem do meu peito.
E pergunto, de punhos cerrados, se será isto o fim.
Ou então um começo, efémero enquanto pode,
de mover as pálpebras como quem encerra a noite num segundo.
Tu – és tudo aquilo que nunca me deste.
E eu sou o mundo que nunca terás.
.
Um dia – e tudo muda.