domingo, outubro 31

durante a noite


Percorro a casa, morna e escura; encaminho os pés desnudos pela alcatifa mole; procuro a claridade. Na janela encontro luzes de uma qualquer cidade - não, o brilho das estrelas não é o mesmo, e o cheiro da madrugada afasta-se das minhas memórias.
Lisboa, penso, tem um brilho incomparável, e todas as cores contrastam com a minha alma. O cheiro, as gentes, as ruas apertadas, a confusão dos dias, o rio, o coração a viajar com as mãos no volante.
Lisboa - Lisboa - na minha cidade tudo brilha e tudo é sempre sol, e quando a noite cai mil sorrisos inundam as ruas onde sempre mergulho.
Aqui, quase sempre é noite e mal aprendi a nadar. Aqui, apetece-me riscar os tectos e escrever o teu nome em todos os cantos.
Lisboa - deixa chover - amo cada das pedras das tuas calçadas, e sonho os meus pés desnudos sobre elas. Lembro-me do Tejo, dos meus olhos soltos na água, das mãos dadas aos amigos, da casa, da família, do coração a brilhar contigo.
Lisboa, só Lisboa.

Lisboa e todas as palavras não chegam para dizer que só a ti pertenço.