segunda-feira, novembro 28

recompensa


Pouco a pouco, o inverno encobre-se no meu corpo num ninho de frio até ao alvorecer, e aos meus pés a indiferença é vaga.
Haja talvez um sonho que me acorde veementemente e suavize a tristeza que assolou o teu nome e letra a letra o mascarou com o nome do demónio. Para que todos os rostos se apaguem e eu me apague de mim, para que nunca mais seja a quem a minha tristeza não serve.
Para que um dia, quando o escurecer for quente e já não houver mais ninhos, possa ser eu a indiferença e estranhar a tua dor.

quinta-feira, novembro 24

vermelho


talvez o sangue seja cúmplice da pele
talvez
se eu fincar a noite nos olhos
e te ouvir dizer amo-te outra vez
talvez os afogue em carmim
e te crave as unhas no peito uma a uma
talvez
eu tenha já enlouquecido


libertação



terça-feira, novembro 15

amicitate


Houvesse nos sonhos um caminho de crinas entrançadas, e em paralelo fios de seda a imitar a paisagem – as luzes, as cores, o asfalto molhado.
Houvesse um caminho regrado pelas cortinas da tua voz, em looping constante até à tua imagem. E pudesse eu novamente deitar-me à tua beira e entornar, à cabeceira da cama, todos os rumos que a vida nos faz tomar, e que nem tu nem eu podemos entender.
Houvesse um caminho para te poder pegar na mão e dizer que sinto a tua falta – a falta de ti, do teu abraço, do teu sorriso – da cerveja ao fim da tarde, da alegria, e de te oferecer a ponta dos meus cigarros.
Houvesse um caminho de onde estou agora até ao reconhecimento das minhas palavras, pois só tu as poderás entender, e pudesse eu parar os teus olhos. Para neles parar os meus e dizer-te que, melhor que todas as paixões, conhecer-te foi tanto mais.
Tanto.

sexta-feira, novembro 11

terça-feira, novembro 1

distância


“(…) I feel just like I'm living someone else's life, it's like I just stepped outside when everything was going right… and I know just why you could not come along with me, this was not your dream, but you always believed in me. Another winter day has come and gone away, in either Paris or Rome, and I wanna go home… let me go home. And I'm surrounded by a million people, I still feel alone (…) let me go home, it'll all be alright, I'll be home tonight, I'm coming back home."

Michael Buble