Reflexo
Por onde quer que eu olhe existe sempre uma barreira, um pedaço de vidro que me distorce a visão e me impede de te ver claramente - um vidro marcado pelo tropeçar da memória e manchado pelos meus olhos.
Olha: é o meu reflexo, o meu reflexo no meio das tuas lembranças.
Clapham at night time, lights wash the pretzel store, and - we're still there, my love
domingo, agosto 31
sexta-feira, agosto 29
And now for something completely diferent
(tentem interpretar este meu sonho)
Estava em casa e resolvi ir fazer o jantar. Fui até à arca congeladora, ver se havia carne, e quando a abro deparo-me com N pacotes de Sun (passo a publicidade) para limpeza de máquinas de lavar loiça, espalhados no meio da carne, batatas, e sacos de bacalhau. Alguns estavam abertos, e eu conseguia até ver o detergente azul e amarelo lá dentro. Assustada, fechei de imediato a arca e sentei-me a recuperar. Fechei os olhos e quando os voltei a abrir estava num café (género tele-transporte), e aparece um tipo que me pergunta se quero coca. Eu digo que não e ele, insistente, saca de um saco cheio de pó e põe-se a fazer linhas à minha frente. Estendi o braço entre os sacos de coca espalhados na mesa e alcancei, desesperada, o meu maço de tabaco.
Depois acordei e fui a correr fumar um cigarro.
(tentem interpretar este meu sonho)
Estava em casa e resolvi ir fazer o jantar. Fui até à arca congeladora, ver se havia carne, e quando a abro deparo-me com N pacotes de Sun (passo a publicidade) para limpeza de máquinas de lavar loiça, espalhados no meio da carne, batatas, e sacos de bacalhau. Alguns estavam abertos, e eu conseguia até ver o detergente azul e amarelo lá dentro. Assustada, fechei de imediato a arca e sentei-me a recuperar. Fechei os olhos e quando os voltei a abrir estava num café (género tele-transporte), e aparece um tipo que me pergunta se quero coca. Eu digo que não e ele, insistente, saca de um saco cheio de pó e põe-se a fazer linhas à minha frente. Estendi o braço entre os sacos de coca espalhados na mesa e alcancei, desesperada, o meu maço de tabaco.
Depois acordei e fui a correr fumar um cigarro.
Depois do teu sorriso
"you give me that look that's like laughing
with liquid in your mouth
like you're choosing between choking
and spitting it all out
like you're trying to fight gravity
on a planet that insists
that love is like falling
and falling is like this
feels like reckless driving when we're talking
it's fun while it lasts, and it's faster than walking
but no one's going to sympathize when we crash
they'll say "you hit what you head for, you get what you ask"
and we'll say we didn't know, we didn't even try
one minute there was road beneath us, the next just sky
i'm sorry i can't help you, i cannot keep you safe
i'm sorry i can't help myself, so don't look at me that way
we can't fight gravity on a planet that insists
that love is like falling
and falling is like this."
Ani Difranco - Falling is like this
"you give me that look that's like laughing
with liquid in your mouth
like you're choosing between choking
and spitting it all out
like you're trying to fight gravity
on a planet that insists
that love is like falling
and falling is like this
feels like reckless driving when we're talking
it's fun while it lasts, and it's faster than walking
but no one's going to sympathize when we crash
they'll say "you hit what you head for, you get what you ask"
and we'll say we didn't know, we didn't even try
one minute there was road beneath us, the next just sky
i'm sorry i can't help you, i cannot keep you safe
i'm sorry i can't help myself, so don't look at me that way
we can't fight gravity on a planet that insists
that love is like falling
and falling is like this."
Ani Difranco - Falling is like this
quinta-feira, agosto 28
Sem memória
Não abras essa caixa, deixa-a, estão aí todas as penas que já perdi. Há coisas que devem permanecer adormecidas na memória... não podia mais continuar a caminhar em torno delas, cautelosa, sempre de olhos postos no infinito, a imaginar como seriam os meus dias e sonhos se conseguisse trancá-las, de uma vez só, em algum sítio. Deixa-as lá, ainda lhes vou juntar mais algumas. Não importa quando, nem me interessam as que já perdi – eu não vou deixar de voar. Olha - é a chuva na minha janela. Vou abri-la e lançar-me num salto, num voo rasante pelas árvores e gentes. Encho-me de coragem. Olha – já não chove cá dentro, e os raios de sol enchem-me o sorriso.
Não abras essa caixa, deixa-a, estão aí todas as penas que já perdi. Há coisas que devem permanecer adormecidas na memória... não podia mais continuar a caminhar em torno delas, cautelosa, sempre de olhos postos no infinito, a imaginar como seriam os meus dias e sonhos se conseguisse trancá-las, de uma vez só, em algum sítio. Deixa-as lá, ainda lhes vou juntar mais algumas. Não importa quando, nem me interessam as que já perdi – eu não vou deixar de voar. Olha - é a chuva na minha janela. Vou abri-la e lançar-me num salto, num voo rasante pelas árvores e gentes. Encho-me de coragem. Olha – já não chove cá dentro, e os raios de sol enchem-me o sorriso.
segunda-feira, agosto 25
A luz sobre os meus olhos
Olha lá fora. É a lua... não é? Pousa o copo e anda cá ver. Olha como ela se esconde, como ela brilha. Cai uma estrela e o mundo não se desfaz. Ninguém percebe, sequer.
Dá-me a mão.
Não te sentes pequeno..? Acho que é impossível não me sentir assim diante da imensidão.
A vontade que tenho é de largar asas e voar para me perder.
Tocas-me o Stars do George Winston?
Nada. Não há nada, só este céu sobre os meus olhos, só a luz do amanhecer. Às vezes fico com a mente em branco, não fosse o piano e enlouquecia. Não fossem os teus dedos a saltar de nota em nota, o teu sorriso quando me sentes sorrir.
Anda, vem sentar-te comigo e ver o sol a apagar as estrelas.
Olha lá fora. É a lua... não é? Pousa o copo e anda cá ver. Olha como ela se esconde, como ela brilha. Cai uma estrela e o mundo não se desfaz. Ninguém percebe, sequer.
Dá-me a mão.
Não te sentes pequeno..? Acho que é impossível não me sentir assim diante da imensidão.
A vontade que tenho é de largar asas e voar para me perder.
Tocas-me o Stars do George Winston?
Nada. Não há nada, só este céu sobre os meus olhos, só a luz do amanhecer. Às vezes fico com a mente em branco, não fosse o piano e enlouquecia. Não fossem os teus dedos a saltar de nota em nota, o teu sorriso quando me sentes sorrir.
Anda, vem sentar-te comigo e ver o sol a apagar as estrelas.
domingo, agosto 24
Cinza
A cinza do cigarro cai-me pelos dedos, desliza-me no braço. Não chega ao cotovelo e, só por teimosia, tomba-me num calcanhar.
A cinza do cigarro corre com o vento e desvanece-se no chão, por entre os meus dedos dos pés.
A cinza do cigarro é a cinza dos meus dias: ainda incandescente, desce-me todo o corpo até ao chão, queimando-me a pele, fugindo por entre o vento - pelo tempo - até que, já extinta, se vem entranhar na planta dos meus pés.
E eu ando assim, por cima da cinza, por cima de mim.
A cinza do cigarro cai-me pelos dedos, desliza-me no braço. Não chega ao cotovelo e, só por teimosia, tomba-me num calcanhar.
A cinza do cigarro corre com o vento e desvanece-se no chão, por entre os meus dedos dos pés.
A cinza do cigarro é a cinza dos meus dias: ainda incandescente, desce-me todo o corpo até ao chão, queimando-me a pele, fugindo por entre o vento - pelo tempo - até que, já extinta, se vem entranhar na planta dos meus pés.
E eu ando assim, por cima da cinza, por cima de mim.
sábado, agosto 23
Woke up this morning and had this feeling
"I know that I've imagined love before
And how it could be with you
Really hurt me baby, really cut me baby
How can you have a day without a night
You're the book that I have opened
And now i've got to know much more
The curiousness of your potential kiss
Has got my mind and body aching
Really hurt me baby, really cut me baby
How can you have a day without a night
You're the book that I have opened
And now I've got to know much more
Like a soul without a mind
In a body without a heart
I'm missing every part"
Massive Attack - Unfinished Sympathy
"I know that I've imagined love before
And how it could be with you
Really hurt me baby, really cut me baby
How can you have a day without a night
You're the book that I have opened
And now i've got to know much more
The curiousness of your potential kiss
Has got my mind and body aching
Really hurt me baby, really cut me baby
How can you have a day without a night
You're the book that I have opened
And now I've got to know much more
Like a soul without a mind
In a body without a heart
I'm missing every part"
Massive Attack - Unfinished Sympathy
sexta-feira, agosto 22
Sat on the roof - a minha consciência e tu
Bem, isto não faz sentido nenhum.
Às vezes tenho a sensação que sou mais uma vagante da vida, outras que estou a curtir todos os momentos. Agora é uma despreocupação total. Eu sei que me olhas de lado, que apostas que um dia acordo e dou um tiro nos cornos, mas eu ando pelo mundo e cada vez mais quero chegar onde tu nunca chegaste. Não sabes já como sou? A verdade é que provavelmente não sabes mesmo, de há dois meses para cá que até eu me estranho a mim própria: sei quem sou mas não faço ideia de quem era. É estranho não é? (aposto que estás a abanar a cabeça) Confia em mim, i’m happy this way. Às vezes tenho dúvidas, claro, principalmente quando adormeço com um bloco ao lado e, merda, de manhã acordo e não escrevi nem uma única linha. Mais estranho ainda é que tenho sonhado como nunca, já nem preciso de fechar os olhos. E o mais ridículo é que a maior parte das vezes que falam comigo eu não oiço nem uma palavra. Não penses que é propositado, sou só eu que não consigo mais segurar as asas do pensamento. Não dou conta por onde, nem para onde vou, mas quando volto não me apetece contar a ninguém o que vi. Então guardo as palavras só para mim, certa de que morrerão comigo. Egoísmo? Talvez fosses tu a não compreender o meu voo. Deixa, confia em mim e não perguntes nada. Não há razões. Posso, unicamente, pôr as culpas no destino, pois não imaginava que fosse tão incerto – já não falo para ti, mas para uma partida do destino – e quer isto dizer: olha para ti; estiveste sempre aí; por onde andava eu?
Que horas são?
Gosto de ti.
Estás a ver como não existe sentido?
Bem, isto não faz sentido nenhum.
Às vezes tenho a sensação que sou mais uma vagante da vida, outras que estou a curtir todos os momentos. Agora é uma despreocupação total. Eu sei que me olhas de lado, que apostas que um dia acordo e dou um tiro nos cornos, mas eu ando pelo mundo e cada vez mais quero chegar onde tu nunca chegaste. Não sabes já como sou? A verdade é que provavelmente não sabes mesmo, de há dois meses para cá que até eu me estranho a mim própria: sei quem sou mas não faço ideia de quem era. É estranho não é? (aposto que estás a abanar a cabeça) Confia em mim, i’m happy this way. Às vezes tenho dúvidas, claro, principalmente quando adormeço com um bloco ao lado e, merda, de manhã acordo e não escrevi nem uma única linha. Mais estranho ainda é que tenho sonhado como nunca, já nem preciso de fechar os olhos. E o mais ridículo é que a maior parte das vezes que falam comigo eu não oiço nem uma palavra. Não penses que é propositado, sou só eu que não consigo mais segurar as asas do pensamento. Não dou conta por onde, nem para onde vou, mas quando volto não me apetece contar a ninguém o que vi. Então guardo as palavras só para mim, certa de que morrerão comigo. Egoísmo? Talvez fosses tu a não compreender o meu voo. Deixa, confia em mim e não perguntes nada. Não há razões. Posso, unicamente, pôr as culpas no destino, pois não imaginava que fosse tão incerto – já não falo para ti, mas para uma partida do destino – e quer isto dizer: olha para ti; estiveste sempre aí; por onde andava eu?
Que horas são?
Gosto de ti.
Estás a ver como não existe sentido?
quinta-feira, agosto 21
Renton's choice - Trainspotting
"Choose life. Choose a career. Choose a family. Choose a fucking big television. Choose washing machines, cars, compact disc players and electric tin openers. Choose good health, low cholesterol and dental insurance. Choose fixed interest mortgage repayments. Choose a starter home. Choose your friends. Choose leisure wear and matching luggage. Choose a three-piece suit and arrange the fucking fabrics. Choose DIY and wonder where the fuck you are on a Sunday morning. Choose sitting on that couch, watching mind-numbing, spirit-crushing game shows, stuffing fucking junk food into your mouth. Choose rotting away at the end of it all, pissing your last in a miserable hole, nothing more than an embarrassment to the selfish, fucked-up brats that you spawned to replace yourselves. Choose your future. Choose life.
But why would I want to do a thing like that? I chose not to choose life. I chose something else. And the reasons? There are no reasons. Who needs reasons when you've got heroin?"
"So why did I do it? I could offer a million answers, all false. The truth is I'm a bad person. But that's going to change. I'm going to change. This is the last of that sort of thing. I'm cleaning up and moving on. Going straight and choosing life. I'm looking forward to it already. I'm going to be just like you. The job. The family. The fucking big television. The washing machine. The car. The compact disc and electric tin opener. Good health. Low cholesterol. Dental insurance. Mortgage. Starter home. Leisure wear. Luggage. Three-piece suite. DIY. Game shows. Junk food. Children. Walks in the park. Nine to Five. Good at golf. Washing the car. Family Christmas. Index pension. Tax exemption. Clearing gutters. Getting by. Looking ahead to the day you die."
"Choose life. Choose a career. Choose a family. Choose a fucking big television. Choose washing machines, cars, compact disc players and electric tin openers. Choose good health, low cholesterol and dental insurance. Choose fixed interest mortgage repayments. Choose a starter home. Choose your friends. Choose leisure wear and matching luggage. Choose a three-piece suit and arrange the fucking fabrics. Choose DIY and wonder where the fuck you are on a Sunday morning. Choose sitting on that couch, watching mind-numbing, spirit-crushing game shows, stuffing fucking junk food into your mouth. Choose rotting away at the end of it all, pissing your last in a miserable hole, nothing more than an embarrassment to the selfish, fucked-up brats that you spawned to replace yourselves. Choose your future. Choose life.
But why would I want to do a thing like that? I chose not to choose life. I chose something else. And the reasons? There are no reasons. Who needs reasons when you've got heroin?"
"So why did I do it? I could offer a million answers, all false. The truth is I'm a bad person. But that's going to change. I'm going to change. This is the last of that sort of thing. I'm cleaning up and moving on. Going straight and choosing life. I'm looking forward to it already. I'm going to be just like you. The job. The family. The fucking big television. The washing machine. The car. The compact disc and electric tin opener. Good health. Low cholesterol. Dental insurance. Mortgage. Starter home. Leisure wear. Luggage. Three-piece suite. DIY. Game shows. Junk food. Children. Walks in the park. Nine to Five. Good at golf. Washing the car. Family Christmas. Index pension. Tax exemption. Clearing gutters. Getting by. Looking ahead to the day you die."
segunda-feira, agosto 11
Antes do teu sorriso
Quando tudo era paz, e tu permanecias imóvel nas chamas, as vozes consumiam-se umas às outras reciprocamente. O que eu imaginava da tristeza estava já muito aquém do que sentia. Ser ou não eu já me escapava.
Repara como os dias passam e como nos agarramos a eles com tanta facilidade – como tudo parece fácil e fazer sentido, como tudo parece coincidir com o lento rodar do mundo – e nos tornamos a nós principiantes da fatalidade.
Se agarras a garganta entupida pelos gritos, se jogas a vida ao vento e decides desertar, fugir, não agarrar os outros com as tuas próprias certezas – essas razões estúpidas – beber dos cálices da futilidade arrotando o desespero, se trocares as tuas certezas por ideias, que será de ti?
Quando tudo parece bater certo reparas num espelho e a tua imagem não é mais um reflexo, as roupas rasgam-se no corpo estranho, alucinado, e as tuas mãos tremem parecendo quebrar a rotina do óbvio. Então largas a garganta arranhada, os cálices bebidos por todos, verdes, sujos, e temes o anoitecer.
Depois, o silêncio. Depois, a vontade de deitar tudo por terra, de não dormir mais, apenas de acordar.
Aí os dias correm uns a seguir aos outros, perdes o controlo de tudo o que tinhas por certo, das ideias dos outros impostas em ti, do mundo.
Foges.
Foges e levitas sobre a pequenez humana. Queres crescer mas não tens asas.
Aí o sentido das coisas mostra-te o inferno, e não sabes mais o que é o silêncio.
Ilha de Faro - Julho 2003
Quando tudo era paz, e tu permanecias imóvel nas chamas, as vozes consumiam-se umas às outras reciprocamente. O que eu imaginava da tristeza estava já muito aquém do que sentia. Ser ou não eu já me escapava.
Repara como os dias passam e como nos agarramos a eles com tanta facilidade – como tudo parece fácil e fazer sentido, como tudo parece coincidir com o lento rodar do mundo – e nos tornamos a nós principiantes da fatalidade.
Se agarras a garganta entupida pelos gritos, se jogas a vida ao vento e decides desertar, fugir, não agarrar os outros com as tuas próprias certezas – essas razões estúpidas – beber dos cálices da futilidade arrotando o desespero, se trocares as tuas certezas por ideias, que será de ti?
Quando tudo parece bater certo reparas num espelho e a tua imagem não é mais um reflexo, as roupas rasgam-se no corpo estranho, alucinado, e as tuas mãos tremem parecendo quebrar a rotina do óbvio. Então largas a garganta arranhada, os cálices bebidos por todos, verdes, sujos, e temes o anoitecer.
Depois, o silêncio. Depois, a vontade de deitar tudo por terra, de não dormir mais, apenas de acordar.
Aí os dias correm uns a seguir aos outros, perdes o controlo de tudo o que tinhas por certo, das ideias dos outros impostas em ti, do mundo.
Foges.
Foges e levitas sobre a pequenez humana. Queres crescer mas não tens asas.
Aí o sentido das coisas mostra-te o inferno, e não sabes mais o que é o silêncio.
Ilha de Faro - Julho 2003
domingo, agosto 10
Onde eu estive tudo era paz
Um dia destes vou conseguir agradecer ao mundo, a Deus se ele existe, aos meus amigos, a ti.
Um dia destes vai chover, e eu vou fechar os olhos e sorrir com as recordações.
Um dia destes vou-vos abraçar a todos com a mesma ternura de ontem.
Porque ontem o tempo não existia, e tudo era paz. Ontem a televisão estava desligada e não se compravam jornais. Ontem a música estava sempre a tocar lá em casa, desde que eu acordava até à hora em que saíamos. Descíamos as escadas e estendíamo-nos na praia, deixando que o sol e o sal que se agarra à pele tratassem do resto.
Deixávamos o tempo fluir, e nós fluíamos. Não havia tempo. Havia uma casa onde nunca existiu tristeza, o sol, o sal na pele, o mar, as garrafas vazias, as garrafas cheias, os cigarros, a música, os amigos a sorrir - a cantar - espalhados pela casa, tu.
E agora este sorriso estúpido, de orelha a orelha.
Back to reality - happy in here.
Um dia destes vou conseguir agradecer ao mundo, a Deus se ele existe, aos meus amigos, a ti.
Um dia destes vai chover, e eu vou fechar os olhos e sorrir com as recordações.
Um dia destes vou-vos abraçar a todos com a mesma ternura de ontem.
Porque ontem o tempo não existia, e tudo era paz. Ontem a televisão estava desligada e não se compravam jornais. Ontem a música estava sempre a tocar lá em casa, desde que eu acordava até à hora em que saíamos. Descíamos as escadas e estendíamo-nos na praia, deixando que o sol e o sal que se agarra à pele tratassem do resto.
Deixávamos o tempo fluir, e nós fluíamos. Não havia tempo. Havia uma casa onde nunca existiu tristeza, o sol, o sal na pele, o mar, as garrafas vazias, as garrafas cheias, os cigarros, a música, os amigos a sorrir - a cantar - espalhados pela casa, tu.
E agora este sorriso estúpido, de orelha a orelha.
Back to reality - happy in here.