Sem memória
Não abras essa caixa, deixa-a, estão aí todas as penas que já perdi. Há coisas que devem permanecer adormecidas na memória... não podia mais continuar a caminhar em torno delas, cautelosa, sempre de olhos postos no infinito, a imaginar como seriam os meus dias e sonhos se conseguisse trancá-las, de uma vez só, em algum sítio. Deixa-as lá, ainda lhes vou juntar mais algumas. Não importa quando, nem me interessam as que já perdi – eu não vou deixar de voar. Olha - é a chuva na minha janela. Vou abri-la e lançar-me num salto, num voo rasante pelas árvores e gentes. Encho-me de coragem. Olha – já não chove cá dentro, e os raios de sol enchem-me o sorriso.