Ontem à noite quis afogar-me nos teus lábios. Pintá-los gota a gota de desejo vivo. Gravemente, lentamente, desenhando rios de ternura. Será que o posso dizer assim, amor, que tudo o que nos é externo se poderia apagar? Ontem à noite quis afogar-me nos teus lábios. E dizê-lo assim, que nada importa, e que tudo o que existe se suspende na tua boca, como se violentamente o amor nos arrancasse o medo e, sem enfraquecer, nos consumisse o ar.
Clapham at night time, lights wash the pretzel store, and - we're still there, my love
quarta-feira, setembro 13
Ontem à noite quis afogar-me nos teus lábios. Pintá-los gota a gota de desejo vivo. Gravemente, lentamente, desenhando rios de ternura. Será que o posso dizer assim, amor, que tudo o que nos é externo se poderia apagar? Ontem à noite quis afogar-me nos teus lábios. E dizê-lo assim, que nada importa, e que tudo o que existe se suspende na tua boca, como se violentamente o amor nos arrancasse o medo e, sem enfraquecer, nos consumisse o ar.
segunda-feira, agosto 7
"Midnight rockers city slickers
Gunmen and maniacs
On a the feature on the freakshow
And I can't do nothing 'bout that, no no
But if you hurt what's mine
I'll sure as hell retaliate
You can free the world you can free my mind
Just as long as my baby's safe from harm tonight
Lucky deepest crazy chances seems to be moving fast
What happened to the niceties of my childhood days
Well I can't do nothing 'bout that, no no
But if you hurt what's mine
I'll sure as hell retaliate
(...)"
Shara Nelson . Massive Attack - safe from harm
quarta-feira, julho 12
sexta-feira, abril 21
quinta-feira, abril 20
eu vou fechar as mãos com a força de quem chora e esquecer que o mundo é o mundo de quem o diz. e eu digo o meu nome com a mesma certeza com que embarco nos teus olhos. eu digo o meu nome com toda a crença que me fizeram ter. mas na tua boca o meu nome é sempre outro cântico. na tua boca eu esqueço o aprendido e desacredito o mundo, nunca tão doce como nos teus lábios. ninguém me ensinou que o mundo podia ter o tamanho da tua ternura. ninguém me ensinou o que era o amor.
quarta-feira, abril 12
eu gostava dos meus dentes de leite, mãe. quando os perdia chorava - mesmo que não doesse - e caía um pouco com eles. pouco a pouco com o passar dos anos aprendi que um coração terno não serve para enfrentar assaltos, oferecer vida. eu quero um coração forte, mãe. quero um coração forte e não quero mais chorar quando me perco nestes degraus.
quarta-feira, março 29
terça-feira, março 28
sexta-feira, março 24
domingo, março 5
Olha aqui no meu bolso – mostrei-te – uma palavra. Às vezes tenho os bolsos rotos de quando em quando uma foge por mais pesada. E mesmo agora que os costurei com o cuidado dos pontos as palavras não ficam, e ando a despejá-las uma a uma pelo silêncio.
Todos os meus sonhos. Todos os teus sonhos – penso – e olho para as coisas como se já não fossem minhas, olho para mim. E decerto que se procurares bem nos teus bolsos me vais encontrar, talvez numa palavra, talvez num ponto costurado bem apertado e cerzido na tua pele com a coerência das paisagens. Esta noite sonhei que me tatuavas no peito. Não me lembro de mim. Não me lembro da paisagem. Lembro-me só do teu peito, em amarelo e vermelho num contorno a negro. O teu abraço: sonho sempre com o teu abraço. Não me canso. Do teu peito no meu peito a atear-me as cicatrizes. Lembrar-me que o amor é ferida que dói e não se sente; por toda a minha vida; na alegria e na tristeza. Que há-de um anjo vestido de negro vir e tentar destruir o amor, e que eu destruirei o anjo. Com a força de quem não teme a morte, viver sem ti – digo não existe – morrer sem ti. Só viver contigo, de bolsos cosidos por ti, a oferecer-te palavras.
domingo, fevereiro 19
às vezes não sei o que dizer e fico com as palavras. olho só. para ti. lá fora, para o teu cabelo em equilíbrio quando atravessas a estrada. no jeito sinuoso de quem vence o vento. ou quando no estado terno do teu sono te encontro no meu peito. às vezes há coisas que nunca digo e espero que não morram. como se dizê-las fosse quebrá-las, roubar-lhes magnificência. há coisas que não digo, mas nunca esqueço: a casa que são as tuas mãos, a tua mão sobre a minha mão. os teus olhos a chamarem-me, o teu sorriso a invadir-me. perguntas em que penso e eu digo penso em nada. como se o nada cobrisse a mente e o pensamento de quem ama. como se o nada fosse maior do que o nada em que o mundo se torna. não quero dizer. não quero dizer todas as imagens, ou todos os tons da tua voz que ainda não sei como escrever. não sei escrever as tuas mãos, não posso escrever as tuas mãos. não posso escrever o beijo.
domingo, fevereiro 12
"se o que fores dizer não for mais belo que o silêncio, então cala-te."Pitágoras
ou neste caso tanto, que lanço a sugestão: Beth Orton, comfort of strangers, Stina Nordenstam, the world is saved; Sia, colour the small one; Cat Power, the greatest; Ladytron, witching hour; Mogwai, Mr Beast; Anja Garbarek, briefly shaking; Broadcast, tender buttons; Tiga, sexor
quinta-feira, fevereiro 9
"if this love was just mine
if this love was just yours
it could be easy to stop
but it´s not
mas a verdade é linda e pura
a gente se ama sem frescura
and my body says only yes, yes
the way you walk, the way you talk, the way you dance
you move my heart so wild
the way you touch, the way you look at me, my love
com você esse amor é bom demais
mesmo o amor tem seu segredo
de apagar as mágoas do velho enredo, de renovar para acertar
the way you think, the way you act
i understand you very well
the way you see my love fascinates me
this love is the last love
(...)"
Ive Mendes - blessed love
segunda-feira, fevereiro 6
mas felizmente tu estavas lá. acabada a infância e ao retorno dos lobos, só os teus braços podiam salvar-me - abraça-me por favor, abraça-me - e nos teus ombros verti o medo do inexplicável. lá fora ainda era o negro da noite e os pássaros ainda não tinham pousado na nossa janela. e o mundo caía no medo do mundo que eu não conseguia explicar. abraça-me, por favor abraça-me. e rapidamente a manhã cresceu dos teus braços e apagou o medo com o chilrear dos pássaros.
domingo, fevereiro 5
sempre ouvi dos outros que há sonhos que acordam da tempestade que causam. e eu lembrava-me da infância, dos lobos e dos mantos de neve que me impediam de fugir. mamã, mamã, tive um sonho, mamã. e não dormia, mãe, não dormia se não viesses e me abraçasses. e se te mexias ou dizias ir, a minha cama era o isco no meio da alcateia. e eu não dormia. não dormia e não imaginava que às vezes há medos que nos acordam em ferida, e que os lobos voltam com a capacidade de despertar temporais. até ontem, mãe. até ontem desconhecia.
quinta-feira, fevereiro 2
“Mulher. As promessas. O rosto. Nunca te menti. Se te disse o céu, era o céu; se te disse sol ou água, era sol ou água; se te disse manhã, era a manhã dos teus olhos a enganar-me. Sem que os teus olhos me enganassem. O engano de uma manhã que nasceu nos teus olhos. Sonhámos. Sonhámos e fomos cegos. E não tenho medo da palavra amor. Não tenho medo das palavras. Vê como digo morte: morte morte morte morte morte. Repito-a assim e roubo-lhe o sentido. Roubo morte à morte. Roubo trevas e solidão. Morte morte morte morte morte. Não tenho medo das palavras. Torno a ver os teus olhos diante dos meus, manhã, e quero que esta seja a nossa última palavra: amor.”
José Luís Peixoto in Nenhum Olhar
terça-feira, janeiro 31
não quero explicar a razão das manchas que cobrem o pecado, ou da salpicadura do sal que se larga na carne - não vou explicar - por favor, não me peças para explicar o que as minhas mãos entornam quando te deitas no segredo dos cantos de quem um dia foste, ou de como te agitas no teu próprio turbilhão. peço sempre por favor e mesmo assim a ternura ataca-me. um café por favor, cigarros por favor, abraça-me por favor. peço sempre com ternura e às vezes temo que a ternura mate. e largo das mãos as palavras nesta tristeza estranha de quem esquece que ninguém quer o que não entende. e até mesmo nas palavras eu sei que a loucura é um pé-de-vento que se aproxima. por favor, não me peças para explicar. deixa-me antes tentar entender.
sexta-feira, janeiro 27
à partida desenhas um trilho onde os teus vestígios se incendeiam – de parte a parte as chamas que não podem ser cessadas – e os lugares em volta ardem involuntariamente. já não dizemos adeus, e rapidamente os dias se resumem ao imprevisto: as horas são já só substantivos, já só acessórios da tua ubiquidade.
"There are people who can walk away from you, hear me when i tell u this! When people can walk away from you: let them walk,I dont want u to try to talk another person into staying with you, loving you, calling you, caring about you, coming to see you, staying attached to you. I mean hang up the phone. Your destiny is never tied to anybody that left. Never take away someone's hope, it may be all they have... Life is not measured by the number of breaths we take, but by the moments that take our breath away..."
Proverbs 3:5 "Trust The Lord with all your heart and lean not on your own understanding, but in all thy ways acknowledge him"