sexta-feira, fevereiro 6

do Amor


Se tudo isto fosse o inferno dos meus olhos
ou a escuridão dos passos perdidos em qualquer plataforma volátil
ou como uma rosa que nasce cansada do alimento,
a carne rasgada até aos tendões,
num malabarismo perverso.
Se tudo isto fosse sol, luz
ou pedaços de vida a compor qualquer pauta
a imensidão total que arrefece a alma do desabafo
sem qualquer loucura ou desespero.
Ou se todos os amantes compusessem um qualquer poema
pleno da liberdade do amor em si,
ou as mãos trocadas pela curiosidade de amar,
amar,
e sempre amar.

Não é o tempo que faz o amor,
ou a inconsciência de o tornar mais e mais precário,
raro em todo o seu desencontro e desventura,
a preciosidade de um plano que o leva à plenitude.
Tudo - mas tudo - leva apenas a um fim,
esta insensatez, desnecessidade total em encontrá-lo,
não pode ferir,
matar,
já ninguém morre de amor e se morresse,
seria o fim de qualquer virtude.

E só porque o tempo lava as almas da escuridão
como se as linhas que nos cercam sumissem da palma das mãos,
sei que esse olhar só pode gerar um infortúnio comum às pétalas das rosas
que se desmancham com o terminar da primavera.