sábado, dezembro 25

I believe



...why don't you?                                                                   MERRY XMAS

terça-feira, dezembro 21

sau-da-de





Aprendi a dizer numa palavra
que tudo o que é teu tenho guardado
e cuidado a cada dia;
aprendi a dizer a palavra
que vou matar e deixar renascer
- quando te vir; abraçar -
numa só palavra tudo o que é teu:
saudade.

domingo, dezembro 19

w . . . o . . . r . . . d


what have I done to the words?
I have tried to find them inside my chest
tried the hidden place submersed by a shadow
and only emptiness I find,
and I remember - words –
they have always lived inside my hands
flowing from finger to finger
morning could rise, night could fall
words they lived deep inside my heart,
- and without a reason -
I offered you everything I had
imagining you would save it
and take care of it each day,
I offered you everything
the flowers
my hands
my words
and each petal had your name on it
each petal was a finger for words to flow
to jump from one to another in the darkness
and you were the only light which could make them bloom,
but suddenly
it took only a second for you to forget them
(I wonder if it was meant to be)
- everything -
the flowers
my hands
my words
and in a second everything was dry
everything was senseless,
and then
I looked at you and my eyes could’t shine
I looked at you and words didn’t come,
fists were thick
breath was deep
I gave you everything and everything I lost
- and without a reason –
you made me speechless

terça-feira, novembro 9

flowers bloom


Spread in disorder
I always fall in love with the beauty,
and little by little I start breathing one love,
spring - revives inside my chest
and flowers bloom obstinately
expelling thorns through all my flesh.
You said
love is immortal
but it will be in grave peril
as time goes by
,
and I closed my eyes in firmness when you asked
don’t fly away from me though
or at least not forever
,
just wondering about dreams
and why do I keep diving so deeply in them,
trying to force myself to sleep
just to escape from reality.
I think
love - it is not immortal,
some dreams can last forever
and others disappear with the winter,
when wounds waste away the thorns
and flowers wither with cold.
I guess
this might be the grave,
and this might be the peril,
but I can’t promise not to fly
if beauty reappears with wings
asking me for eternity.

domingo, outubro 31

durante a noite


Percorro a casa, morna e escura; encaminho os pés desnudos pela alcatifa mole; procuro a claridade. Na janela encontro luzes de uma qualquer cidade - não, o brilho das estrelas não é o mesmo, e o cheiro da madrugada afasta-se das minhas memórias.
Lisboa, penso, tem um brilho incomparável, e todas as cores contrastam com a minha alma. O cheiro, as gentes, as ruas apertadas, a confusão dos dias, o rio, o coração a viajar com as mãos no volante.
Lisboa - Lisboa - na minha cidade tudo brilha e tudo é sempre sol, e quando a noite cai mil sorrisos inundam as ruas onde sempre mergulho.
Aqui, quase sempre é noite e mal aprendi a nadar. Aqui, apetece-me riscar os tectos e escrever o teu nome em todos os cantos.
Lisboa - deixa chover - amo cada das pedras das tuas calçadas, e sonho os meus pés desnudos sobre elas. Lembro-me do Tejo, dos meus olhos soltos na água, das mãos dadas aos amigos, da casa, da família, do coração a brilhar contigo.
Lisboa, só Lisboa.

Lisboa e todas as palavras não chegam para dizer que só a ti pertenço.

sábado, outubro 23

um dia e tudo muda


os teus ombros o teu sorriso
o teu corpo abraçado aos meus ombros
o meu corpo enroscado no teu sorriso
pergunto estás aí e só um sopro vem da janela
manhã coberta nas minhas mãos
o teu corpo o teu sorriso
a oferecer-me a ferida que só o sono acalma
manhã coberta de memórias nos teus ombros
e um reflexo de tempestade

segunda-feira, outubro 18

I can't stop pretending




with tomorrow


It was more like a dream than reality
I must have thought it was a dream while you were here with me
When you were near I didn't think you would leave
When you were gone it was too much to believe

So with tomorrow I will borrow
Another moment of joy and sorrow
And another dream and another with tomorrow

So if there some day won't be time just to look behind
There won't be reasons, no descriptions for my place and mind
There was so much I was told that was not real
So many things that I could not taste but I could feel

So with tomorrow I will borrow
Another moment of joy and sorrow
And another dream and another with tomorrow


This Mortal Coil (Gene Clark)


sexta-feira, outubro 15

just vulnerable


encontro-me no desconforto
e subitamente desconheço-me;

a chuva
– outra vez a chuva no meu telhado –
outra vez a vontade de desvanecer
num estado amoral
solitário
(totalmente só)
ninguém;

outra vez a chuva no meu telhado
a escorrer pela garganta
a estalar as unhas
a bússula
e a cobrir a almofada de um desespero
de quem quer só saber de que é feito o medo
do que serão feitas as coisas que nos levam a um fim
quando nunca antes iniciadas;

depois

o orgulho a ranger nos ossos
a desilusão
por não saber calar a vulnerabilidade

terça-feira, outubro 5

lost beauty


don’t invent me
- she said -
I can hardly see the sky
like your eyes can;
you can draw my name in the sand
in the sand letter by letter
though the sea will hit the shore
though the sea will fade your dream
- and suddently she smiled while rain was catching her eyes -
life;
it’s crazy to be alive
and each night becomes more difficult
every night;
nobody;
no direction
-
and she turned her backs to me
rushing away in a kind of play
(that night)
rain was performing

domingo, outubro 3

one day i'll ask you for a dream


behind the obvious
such sensible reflection
of metaphors and fragments
- of music -
capable of
in any stave
build a symphony
exquisitely beautiful

quarta-feira, setembro 29

shadows


já não tenho o silêncio
caio à noite exausta nos lençóis
e sonho a tua pele o rosto as mãos
já não tenho o silêncio
e acordo sempre no vazio
os olhos colados em metamorfose
a carne quente inconstante treme
a janela que não abre para o rio
já não tenho o silêncio
e o teu nome agarra-se ás fotografias
o teu nome a memória as horas
e de repente tudo some
o teu nome o silêncio
já não tenho o silêncio
e tudo se desfoca

terça-feira, setembro 21

changing rooms


The lights in the city
dress me up
though I keep moving (ahead) naked
without the warmth of your hands.
So far
everything is excessive
and I can’t say the peace anymore
- I can’t say your name anymore -
without rubbing my eyes in wilderness.
So disquiet
Can remembrances be
(I think)
I know your face by heart
as I know my way home.
- Home -
is massive
between your fingers
your two hands in firmness,
your two arms in desire.
Above my pillow
(without you)
all is unfitted
and all is tawdriness.

sábado, setembro 11

sexta-feira, setembro 3

não sei porquê há qualquer coisa, há qualquer coisa hoje



eyes won't lie


no
me olvides que yo me muero
amor
mi vida sufrimiento
yo
te quiero en mi camino
por vos
cambiava mi destino

ay
abrazame esta noche
y aunque no tengas ganas
prefiero que me mientas
tristes breves nuestras vidas
acercate a mi
abrazame a ti por Dios
entregate a mis brazos

tengo
un corazón penando
yo se
que vos lo estas escuchando
con
mil lagrimas te quiero
pasión
son mi amor sincero
(...)


Rodrigo Leão - Pasíon

quarta-feira, setembro 1

half-a-tribute



half-tribute


tudo o que é nosso
guardei naquele dia
em que o teu sorriso
ultrapassou o tamanho da lua


(metade de um tributo a quem pertenço - a quem não está: não foi esquecimento; espreita dentro do meu coração)

sábado, agosto 28

Keeping Things Whole


In a field
I am the absence
of field.
This is
always the case.
Wherever I am
I am what is missing.

When I walk
I part the air
and always
the air moves in
to fill the spaces
where my body's been.

We all have reasons
for moving.
I move
to keep things whole.



(Mark Strand 1963)

quinta-feira, agosto 26

Retorno


Subitamente, perco o controlo nas horas e o coração gira (entre mãos) pelo volante. Lembro-me das palavras e de como o tempo jurava voar quando solto dos teus lábios.

Memória.

Um corpo trémulo, fragilizado por qualquer intempérie, o meu peito em asfixia. Dói-me o corpo todo – dizias – e eu tremia contigo. A mão pelos cabelos, o desejo de um poder maior (pudesse eu curar-te), os joelhos doridos a forçar o chão. Velei o teu sono e só um toque ousei na tua pele.

Retorno no tempo e penso se, ao acordar, deste conta da cicatriz nos meus olhos.

quarta-feira, agosto 25

Vácuo



no sleep


o teu lugar
será sempre este
e é sempre um pranto vê-lo vazio

ouve - um dia - um dia teremos todos os lugares para nós

segunda-feira, agosto 23

Não rasguei as tuas páginas



hold me


olho para as coisas
como se já não me pertencessem
e já nem o meu reflexo as preenche
de tão vazias que ficaram


agora - sem ti - durmo sempre num lugar estranho

quinta-feira, agosto 19

Sacrifice me


hold me


cuida bem de mim
e guarda entre mãos o que é teu
para que
quando eu voltar
possa regressar a mim

terça-feira, agosto 17

Wherever I am I am what is missing


regresso


a última vez que te vi
tinhas os olhos perdidos nos meus
- lembro-me -
estendemos as mãos em gesto de cuidado
e abraçámos os dedos
como quando o mar nos enlaçava
e me pedias para ficar

a última vez que te vi
os teus olhos desbotaram os meus
e num instante fiz a eternidade
- a música -
esse silêncio em contrabaixo
a ocupar o lugar da tua voz
esta inquietude antecipada
de quem não sabe como
desapertar o peito


quarta-feira, julho 21

Sacred Insanity


This insanity comes from the emptiness
and brings my head back from the clouds,
forcing me to recall your words,
your eyes,
your desirable love,
and i feel like
all stars could fall from the sky
and all gods could fall from even...
No tragedy would be worse
than  the impossibility of being with you
again.



sábado, julho 17

Imperícia


Triste insuficiência.
Posso encostar os braços em qualquer corpo,
suspirar onde tu não estás,
e tudo o que vem é a loucura
da tribulação.
Quando tu não estás,
quando tu não estás é ver-te ao longe
ruínas vivas por entre o fumo
os teus olhos fechados a travar um sorriso
impedindo-me de traçar qualquer castigo.
Diz-me,
porque é que os barcos fogem do mar
e as pessoas temem o amanhecer?
Também eu às vezes sem querer,
eu penso que te vou perder,
e que os dias ocuparão o meu lugar em ti,
e seguirás a vida, fugirás da morte,
e largo o mundo num segundo
sem ter para onde correr.
Hoje,
pode a lua faltar num abraço
pode o sol não nascer num sorriso,
que ficarás para sempre como esfera
a deslizar em mim sem equilíbrio,
e se a terra tremer entre os meus pés
vou bradar aos céus que pude um dia
amar-te sem crer que me trairias.


quinta-feira, julho 15

Dedicatória
(para os meus amigos e para quem é de direito)


Só a certeza de um medo sublime
a partida - enevoada pela tua beleza
capaz de talhar qualquer inocência.

Já guardo para mim as palavras,
num egoísmo funesto
de quem não sabe o que levar,
e os dias elevam-se numa exactidão atroz
tentando preencher a memória,
pois sem ti
não há o que recordar.

E na minha memória
aquele hotel diz-se num lance de escadas,
a carpete puída em cada focinho,
onde enlaçámos os dedos num movimento regrado
e largámos as malas antes de subir.

segunda-feira, julho 5

Acerca-te


Não me deixes
desistir de amar todas as rosas
que cuidadosamente plantei no teu quintal
e vi brotar dia após dia,
nem que o céu se encha de negro
e ameace cair sobre o orvalho
e as rosas pareçam murchar de tristeza
expelindo espinhos sobre o meu peito.
Não deixes
que os dias conservem as horas
da infinita queda de um qualquer fado
e esbatam as cores de todas as pétalas
cobrindo-as de pó,
para que nem da tua respiração se apercebam.
Não me deixes - por favor não me deixes
sujar-me de terra, e lama, e esterco
para ver-te chegar a sorrir à janela,
mãos limpas e cabelo à solta,
a chamar-me num canto
com um elogio nos lábios.
Anda,
esquece a loucura - pois se tudo é efémero
e entrega-te à terra de unhas fincadas
e não deixes que morra antes do tempo
a mais frágil de todas as rosas.

terça-feira, junho 29

Picture of my own


mirror


I spread my hands into the mirror
and all I find is this reflection,
a picture that glances
in a memento.

terça-feira, junho 22

Prayer


Forgive me
if I have lost my sanity
and all this days I'm counting
seem to end in tragedy

Forgive me
if I have never prayed
but my head was always floating
dreaming in some sort of cloud
where beauty - disguised as an angel
stole my heart with blossom lips
and filled my soul with such desire,
that no more triumph,
no more faith
could ever bring it back to me
and replace it into my chest.

Forgive me God
if one day after tomorrow
this scar may become reopen
but this love has sharpen edges
edges I have never touched
capable of - in just one move
cripple my heart like a blade.

sexta-feira, junho 18

Assim correm os dias


Mariana


Para ti, que fazes anos hoje, um abraço cheio de ternura.
Que o mundo te seja fiel, Mariana, e te traga toda a felicidade que mereces.

terça-feira, junho 15

Ternura


Na hora de dormir éramos nós
- num só silêncio -
que perdíamos as horas da quietude,
e o tempo voava,
inimigo do nosso desejo.
Mesmo quando me abraçavas
eu podia ouvir o mundo propagar-se,
e cerrava os olhos num aperto
por não poder a eternidade,
e perdoa-me
se chorei nos teus braços
mas só me reconheço neles.

Às vezes ainda acordo de noite
voltando-me num sobressalto
(dispersa no que é teu)
para te procurar,
e só encontro a saudade.
Só a saudade dessa ternura,
do aroma dos teus cabelos,
e dos teus olhos
(lugar)
onde sempre me reconheço
e me desejo perder.

Novamente,
no silêncio
- sem o teu sorriso -
sinto-me só
inanimada.

segunda-feira, junho 7

Dissociation


Dissociação

Lirismo


Se eu puder, esta noite
vou enroscar-me nos teus sonhos
e pedir
que me abraces com ternura,
no movimento de um beijo
do tamanho do mundo
ou do que poderíamos ser
se estivéssemos perto.

Agora,
a noite pesa mais
porque te sei parte de mim
e agora
não contenho a tristeza,
perdoa-me dizê-lo
(pois se me fizeste feliz),
e choro todas as noites.

Depois vem o sol
e é como se sorrisses,
ou vens tu
e é como se fizesse sol.

Anda,
dá-me a tua mão
e vamos fazer de conta
que o mundo somos nós.

domingo, junho 6

Procura-se


A última vez que o senti contraía-se e relaxava num ritmo aproximado de 100 batidas por segundo, bombeando cerca de 5 litros de sangue por minuto.
Pesa cerca de 300 gramas, e deixei de o sentir ontem, pelas 19 horas, em Santa Apolónia - Lisboa, quando mais parecia pesar uma tonelada.

Oferecem-se alvíssaras a quem o encontrar.

quarta-feira, junho 2

Momento


Nesta oscilação que corre
entre o meu destino e o teu,
posso apenas sentir a força
das tuas incertezas,
e jurar perante o infortúnio
que tudo o que é certo
corre como o vento
pelas manhãs.

Ao menos se eu pudesse
cortar os cabos que ligam
as tuas promessas à terra,
quem sabe não sorririas,
quem sabe não descobrisses o teu corpo vivo,
o mundo,
qualquer coisa que, próxima da perfeição
nos oferecesse a felicidade.

Hoje,
sei que se ficares,
te parecerás com ela
e sorrirás como ela,
podes até mergulhar na certeza,
e levantar-te do fundo
ignorando o que o futuro traz,
morrer de novo – dizes,
acordar,
e mesmo assim não sentir
que podes ter tudo,
até
o que sempre sonhaste.

Sabes, é tão claro que,
tal como o dia nasce,
podemos expandir
num efémero eterno,
este brilho que decorre
entre os meus e os teus olhos.

domingo, maio 30

Lost and found


what is missing here?


Sometimes I close my eyes
and imagine us together,
side by side,
as if days passed by
and stopped right there,
where we know that only you,
and me,
are missing.

quarta-feira, maio 26

Home


I will dig a shelter between your feet,
and ask you to live with me.

segunda-feira, maio 24

Beautiful


Such pretty hair
may I kiss you
may I kiss you there
So beautiful you are
So beautiful

Please, don't move
You feel so good to me
Tell me in my ear
Beautiful
Beautiful
So very beautiful

So beautiful
Beautiful
So beautiful



Meshell Ndegeocello

Lack


Às vezes a tua imagem assalta-me a noite
para me interromper o sono,
e quero tanto esquecer-te.
Ou então tento imaginar-te e não consigo,
antecipando em medo as falhas da memória,
vítima do silêncio,
do medo do esquecimento.

terça-feira, maio 18

Lugar


Desculpa
se tanto insisto em desejo
para que juntes as tuas mãos
e lá me cedas guarida.
Só queria conseguir dizer-te
que cada noite foi viva,
e na minha memória eu sustinha um sorriso
capaz de causar
uma vertigem maior que a do crepúsculo.

Amanhã,
eu não vou estar cá,
eu não vou estar cá e não vou poder mais
passar a noite à procura de palavras
que te possam inebriar
com o meu amor.
E eu dava o mundo
para poder abraçar-te,
sem ser em despedida,
até amanhã chegar,
até eu poder regressar
a este lugar ermo em mim.

domingo, maio 16

Nunca digo o teu nome


O mundo todo desaparece no teu nome,
e às vezes sustenho o ar para não o dizer.

Às vezes o coração quase explode da vontade de amar-te.

Às vezes sonho que me acordas na tua pele,
ou então,
sonho só com os teus olhos.

Sem saída,
deixo-me assim, adormecida.

quarta-feira, maio 12

Se a tua mão surgir



A noite
d  i  s  s  i  p  a  –  m  e.
                    E os meus                excessos

                                    perdem-se.

Quero
essa loucura





                               entornada
no cume do silêncio  .


Esta noite
vou
                          v O a R
junto aos teus     sentidos.


segunda-feira, maio 10

Logro


Não te sei dizer do tempo,
nem sei contar as horas que levei
em congestionamento,
numa estrada onde só
a insuficiência me cercava.
Não te sei dizer do tempo que levei
até alcançar os teus olhos,
lembro-me apenas que a primavera
se parecia antecipar nas tuas mãos,
e que os teus dedos eram raios de luz
que me queimavam a pele.
E os teus olhos,
esse lugar estranho,
faziam o coração disparar
e todas as palavras que te escrevi
eram tuas,
plenas de uma certeza que só tu
me conseguias transmitir.

Lembras-te quando me procuraste
com os olhos baços de arrependimento,
crente de que havíamos errado?

Hoje,
as tuas palavras não contam mais.

sábado, maio 8

terça-feira, abril 27

Uncovered


Where are all the horses
that can make a life sprout
and cease an emptiness to be?
For if when we forget the flesh
that pumps and turns in such a secret,
something I wish not to perceive
right in the corner of your eyes.
So far reality can be
when I get lost in your old fictions,
like once you told me in a dream
“I swear love is not ephemerous”
and a tear spinned down your face,
so I remained so uncomfortable
for the weight that you were carrying.
And your eyes, that strange harbors
attained to delve into my chest,
and I could only hold your hand
as if I’ve spent all of this life
waiting for that single moment.

segunda-feira, abril 19

Shadow


Há uma morte certa
repleta de insucesso
idêntica ao escoar das águas nas barragens.
Foi só mais uma noite escura
iluminada por um olhar,
e um sorriso capaz de saltar obstáculos
e vencer oceanos
revoltos pela ferocidade da lua.

Aqui,
onde nunca estás,
o sangue sopra nas feridas há muito cansadas
pelo deslumbramento,
e os teus passos geram uma exactidão atroz
na confusão das horas,
uma calma,
um silêncio que verte pelo peito,
que me come a boca,
os dentes,
e me faz esquecer a razão.

Em sombra.
Deixa-me viver em overdose
deixa-me observar-te enquanto dormes
esquecida no teu próprio sono.

quinta-feira, abril 15

Painted desert


No princípio da incerteza
o mundo começa a tombar,
e as árvores tremem de uma insensatez
idêntica ao quebrar do gelo
nas tuas mãos.

Foi só o tempo,
só o tempo que trouxe as lágrimas
e toda esta escuridão
que esconde o horizonte,
nada como
quando me davas o alento do teu corpo,
sempre o teu corpo de encontro ao meu,
como quando todas as estradas
pareciam verosímeis de percorrer,
como que compostas em pauta
pela embriaguez de uma qualquer música,
todas para o mesmo destino,
um destino colorido por um pincel
mergulhado em sonhos.

Lembras-te quando sonhávamos
e acordávamos felizes,
com a cor dos olhos?

Agora,
já só sei pintar o horizonte.

Sadism


I cannot find myself in this silence
or in the depth of your eyes,
nor in sleep,
where finally I am alone
imagining the wounds on your hands.

domingo, abril 4

Imagem


desculpa
o que te queria dizer talvez não fosse isto
a solidão turva-se-me de lágrimas
e nas pálpebras tremem visões do meu delírio
olho as fotografias de antigos desertos
corpos coerentes que fomos
bocas de papel amarelecido
onde a sede nunca encontrou a sua água
e às vezes ainda tenho sede de ti
mas na vertigem da viagem o coração galopa desordenadamente
no écran da memória acende-se a imagem da mulher que amei
quase nítida vejo-te sentada
à porta da rua bordando um pano de linho branco
só esta imagem transportarei comigo
embora nunca tenha conseguido saber o que bordavas
uma colcha? uma toalha? um sudário?
também nunca to perguntei
tinha tempo de sobra para o descobrir
vivíamos longe da cidade espreitavas a nesga de mar
como uma risca de azul cerúleo ao fim da rua


Al Berto

segunda-feira, março 29

Five seconds


Sinto
só a loucura
de um abandono nunca dado,
das tuas mãos pelo teu cabelo
no meio de luzes ignóbeis,
numa primavera
onde poderia passar horas
a descobrir-te um sorriso.
Estranho desejo
este,
de querer dormir sem acordar
para poder sonhar-te,
e poder recordar
os teus olhos
a invadir os meus.
Mas
o sono nunca chega.

sinto os teu passos
à noite,
quando os meus pés gelam,
onde tu não estás.

terça-feira, março 23

A minha vida em anexo


I haven't ever really found a place that I call home
I never stick around quite long enough to make it
I apologize that once again I'm not in love
But it's not as if I mind
that your heart ain't exactly breaking


Dido - Life for rent


Porque será que há sempre qualquer coisa - há sempre qualquer coisa nas palavras - que há sempre qualquer coisa nas palavras que oiço, venham elas de onde vierem?

sábado, março 13

Ausência


Quando tu não estás
o mundo começa a morrer
e as crianças choram
num desespero só
na falta de um abraço,
e aos poucos,
a terra vai roubando ao firmamento
a instabilidade dos afectos.
Quando tu não estás
eu perco o chão
eu perco o ar
e os meus olhos secam que nem rosas
com o gelo
com o frio das noites sem ti,
porque só me sei situar
no meio de pétalas frescas
nos teus braços.
É este silêncio,
quando tu não estás,
este silêncio
que me rasga com unhas famintas
na intemporalidade
nos freios que perdi
quando te encontrei,
ou no que encontrei
quando te perdi.
E todos os retratos que te tirei
são impossíveis de apagar
pois nem as unhas mais ferozes
os podem rasgar da minha pele.

quinta-feira, março 11

Your eyes are a strange place


It’s time like these,
when the entire moon perspires on car windows
and the sun reappears over-filling the ashtray,
that I remember I am made of the same flesh as all men
and that any slip-up can be fatal,
capable of, in an enchantment,
stealing portions of integrity.
For if when we leave for a place that’s far from everything
flying for any distant world,
and open our wings certain of ourselves,
laughing at the loneliness that ceased to exist,
comes destiny (or something else we’ve ceased to believe)
and undoes the volatile
forcing us to recall, if but for an instant,
that we are flesh
and blood
and arteries that flare when they pump
this strange substance that burns with a look,
and makes the heart trigger
in a second larger than eternity.


Obrigada, Hugo, pela tradução e por todo o carinho sempre demonstrado.

segunda-feira, março 8

O sonho, as tuas mãos


Às vezes penso nos quadros do Philip Guston
e dou por mim num mundo ermo,
cheio de uma insatisfação doentia
e vergonha
que leva a cobrir a face,
como quando olho para os teus olhos
e me desconheço por completo.
Às vezes pergunto-me onde estavas
quando ainda desconhecia a metafísica,
e qualquer substância além do óbvio
era passível de uma surpresa absoluta,
onde tudo o que era vago
voava com as manhãs.
Vê como as minhas mãos tremem agora
numa oscilação forçada
pela vontade de refrear,
escuta o catapultar da minha respiração
no meio dos teus cabelos.
Não consigo fechar mais os olhos
ou ainda chamar o sono,
pois sempre que vem a noite
pergunto-me num só desejo,
se poderás juntar as tuas mãos
e me deixar morar nelas.

domingo, março 7

Os teus olhos são um lugar estranho


É nestas alturas que,
quando a lua toda transpira nos vidros do carro
e o sol reaparece a transbordar do cinzeiro,
me lembro que sou feita da mesma carne que todos os homens
e que qualquer falta pode ser fatal,
capaz de, num encantamento,
roubar pedaços de integridade.
Pois se quando partimos para longe de tudo
voando para um qualquer mundo distante,
e abrimos as asas seguros de nós próprios,
rindo da solidão que deixou de existir,
vem o destino (ou qualquer outro em que deixámos de acreditar)
e desfaz a volatilidade
obrigando-nos a recordar, mesmo só por um instante,
que somos carne
e sangue
e artérias que pulsam em labareda
esta matéria estranha que arde com um olhar,
e faz o coração disparar
num segundo maior que a eternidade.

terça-feira, março 2

The thought of you and me and me and you


For you (all)


Listen when I'm silent there's a
Sound that only you can hear
Listen when it's quiet I know
You can hear it, cover up your ears



K's Choice, A Sound That Only You Can Hear

sábado, fevereiro 28

(never is) a promisse


sem querer que penses no eterno
deixa-me dizer-te apenas isto

que este frio que aperta e nos faz ferida
pode ser vencido num abraço
num momento só que eternizado
pode atravessar o inatingível;
deixa-me dizer-te que o tempo
traz promessas vãs de tão perversas
e faz mudar estações tão de repente
só para ver a chuva nos teus olhos;
deixa-me dizer-te que se um dia
o teu sorriso depender de eu não estar
caminharei até onde não houver mais luz
e um sinal de proibido me impedir
de tornar ao canto dos teus braços;
deixa-me dizer-te sem palavras
sem o tropeçar da primavera
e o meu olhar a descansar no teu

um dia deixarei que me roubem a alma

quinta-feira, fevereiro 26

terça-feira, fevereiro 24

Desejo


Não, nunca quis roubar um grão que fosse do teu mundo. Mesmo quando não te conhecia, ou quando sonhava para mim que existirias num mundo aparte, um mundo recheado de encantos e de um suspiro capaz de, num segundo só, subtrair a ferida de um desencontro. Esse mundo que te espera, tão incerto como só o amanhã consegue ser, tão cheio de certezas que se desequilibram com a equimose da noite.
JÁ NÃO SOU POETA. Um dia vou olhar-te novamente fundo, novamente no absoluto dessa escuridão que te esconde o rosto por dentro, que te faz sombra na sombra do infortúnio. JÁ NÃO SOU POETA, roubaste-me o mel que eu vertia na escrita. Ou NUNCA FUI POETA, pois se o tivesse sido teria entornado toda a tua beleza nas palavras.

segunda-feira, fevereiro 23

O Meu Amor Existe


O meu amor tem lábios de silêncio
E mãos de bailarina
E voa como o vento
E abraça-me onde a solidão termina

O meu amor tem trinta mil cavalos
A galopar no peito
E um sorriso só dela
Que nasce quando a seu lado eu me deito

O meu amor ensinou-me a chegar
Sedento de ternura
Sarou as minhas feridas
E pôs-me a salvo para além da loucura.

O meu amor ensinou-me a partir
Nalguma noite triste
Mas antes, ensinou-me
A não esquecer que o meu amor existe



Jorge palma

domingo, fevereiro 15

Forbidden Colours


London


The wounds on your hands
never seem to heal
I thought all I needed was to believe
Here am I
a lifetime away from you
The blood of christ
or the beat of my heart
My love wears forbidden colours
My life believes

Senseless years thunder by
Millions are willing to give their lives for you
Does nothing live on ?
Learning to cope with feelings aroused in me
My hands in the soil
buried inside of myself
My love wears forbidden colours
My life believes in you
once again

I'll go walking in circles while doubting the very ground beneath me
trying to show unquestioning faith in everything
Here am I a lifetime away from you
The blood of christ or a change of heart
My love wears forbidden colours
My life believes
My love wears forbidden colours
My life believes in you once again



Ryuichi Sakamoto, David Sylvian - FORBIDDEN COLOURS

quarta-feira, fevereiro 11

My soul has a shadow


(...)
No choice of two roads; if there were,
I don't doubt I'd have chosen both.
I like to think chance had it I play the bell.
The clue, perhaps, is in my unabashed declaration:
"I'm good example there's such a thing as called soul."
I love poetry because it makes me love
and presents me life.
And of all the fires that die in me,
there's one burns like the sun;
it might not make day my personal life,
my association with people,
or my behavior toward society,
but it does tell me my soul has a shadow."



Gregory Corso, "Writ on the Eve of My 32nd Birthday", March 25, 1962

sexta-feira, fevereiro 6

do Amor


Se tudo isto fosse o inferno dos meus olhos
ou a escuridão dos passos perdidos em qualquer plataforma volátil
ou como uma rosa que nasce cansada do alimento,
a carne rasgada até aos tendões,
num malabarismo perverso.
Se tudo isto fosse sol, luz
ou pedaços de vida a compor qualquer pauta
a imensidão total que arrefece a alma do desabafo
sem qualquer loucura ou desespero.
Ou se todos os amantes compusessem um qualquer poema
pleno da liberdade do amor em si,
ou as mãos trocadas pela curiosidade de amar,
amar,
e sempre amar.

Não é o tempo que faz o amor,
ou a inconsciência de o tornar mais e mais precário,
raro em todo o seu desencontro e desventura,
a preciosidade de um plano que o leva à plenitude.
Tudo - mas tudo - leva apenas a um fim,
esta insensatez, desnecessidade total em encontrá-lo,
não pode ferir,
matar,
já ninguém morre de amor e se morresse,
seria o fim de qualquer virtude.

E só porque o tempo lava as almas da escuridão
como se as linhas que nos cercam sumissem da palma das mãos,
sei que esse olhar só pode gerar um infortúnio comum às pétalas das rosas
que se desmancham com o terminar da primavera.

Mad World


All around me are familiar faces
Worn out places, worn out faces
Bright and early for their daily races
Going nowhere, going nowhere
And their tears are filling up their glasses
No expression, no expression
Hide my head I want to drown my sorrow
No tomorrow, no tomorrow

And I find it kind of funny
I find it kind of sad
The dreams in which I'm dying
Are the best I've ever had
I find it hard to tell you
'Cos I find it hard to take
When people run in circles
It's a very, very
Mad World

Children waiting for the day they feel good
Happy Birthday, Happy Birthday
Made to feel the way that every child should
Sit and listen, sit and listen
Went to school and I was very nervous
No one knew me, no one knew me
Hello teacher tell me what's my lesson
Look right through me, look right through me



Gary Jules

domingo, fevereiro 1

Insane


Ténue a lembrança do tempo
ao encontro da pele.
As mãos queimadas do desejo
na tortura da carne,
à espera dos teus lábios.

Leve o encontro dos olhares
e o reflexo da noite em paralelo,
nos dedos,
nas unhas cravadas em vão
nos teus cabelos.

Não existe mais noite,
apenas esta vontade insana de te abraçar,
quando o maior abrigo da loucura
seria perder-me nos teus beijos.

Wait


I hold it, I fold it
I throw it on the floor
I wrote it, but maybe I'm afraid
That you'll be bored
(...)
I draw you, every single
Feature in my head
I try to do my homework
But I dream of you instead

I need a plan for you to fall
In love with me and then
I'll make you marry me, I'll wait...
(...
)

K's Choice- Wait

domingo, janeiro 25

Again


Novamente ida; novamente eu; novamente.
Um beijo terno e, até ao breve regresso, um poema:


quantas vezes te inventei
ao pé das águas do lago e
imaginei que me empurravas
ladeira abaixo para
enfim
morrer de amor


valter hugo mãe in o resto da minha alegria

sábado, janeiro 17

2002, mind deambulation


Passo a passo, desce ou sobe, passo a passo perto do infinito entre os braços de um livro, folha estendida em chão ou mesa ou mão, ou até água que a leve para longe, tão longe como o tempo que falta até um dia viajar até. Até onde Deus quiser, até onde eu quiser, eu crio os meus próprios feitos, vontades, a vontade de subir ou descer, os meus passos, passo a passo até onde eu for, até. Até te pedir larga a mão, tira a mão deixa, deixa-me correr ir até ali, até onde eu quiser ou até ao infinito, até ao centro de um livro, sim, aquele, até ao centro de todos os lados daquele que eu li, e foi há tempos, não me recordo já não lembro, mas foi – até lá que eu viajei – até. Pára de puxar, não largas, pedi e volto a pedir e é dito ou feito, dito e feito, quem sabe se tu não me verás através dessas frestas que tens nos olhos – dizes-lhes tu e tantos pálpebras, mas tu nunca as abres – eu sei – tu nunca vês o que há para ser visto, além do que passa no ecrã. E se eu quiser não serás tu a impedir-me de me atirar lá de cima, porque eu quero e posso à hora que me apetecer jogar-me de uma ravina, para ti acidentalmente e para tantos mais atentado à própria vida, e também passo a passo eu caminharei até lá – sim eu sei cansa o tempo que demoro a dar cada passo, mas eu daqui não me movo, e traga-me por favor um número maior, já disse que não calço 38, e em preto - não gosto de castanho – a rejeição é viúva de todo o resto e quero-a sempre aos meus pés. Egoísmo, para quem não o entende é este estado em que a vida passa e não deixa nada além do que oferece ao tempo e o tempo esse foge e corre a uma velocidade maior, e os dias passam, os anos passam, e quando é que foi que eu nasci mesmo que já nem me lembro, e no fim resta aquela generosidade toda que é a memória mas afinal do que vale se nos últimos dias já nem isso vale. E esgotam-se os passos e eu estou cá em cima, quem me dera estar lá em baixo, afinal o sol nasce deste lado e morre daquele, e é aqui que brota a luz do que é viver – e será que sei o que é a vida – eu sei que a vida é, e sei que a vida passa, mas não sei por quem passa e se serei só eu que a sinto tão perto de mim, do movimento. E o meu cérebro move-se as células mexem-se, dizem-lhes neurónios, e se o meu QI for baixo – eu nem sou tão inteligente, eu não sou tão burra – e imagino, imagina tu então onde eu estarei, será que criaste um espaço ou imaginaste-me apenas a sonhar, em completa deambulação nocturna de braços estendidos para a frente – como nos filmes – sim como nos filmes murmurando coisas; sons; palavras; gritos sentando-me e estendendo o pé como se trocasse um sapato, e agora se eu te disser quero água tragam-me por favor um quarto de desespero, ou quem sabe meio litro de lágrimas naturais – com gás fica sempre mais difícil ingerir… pois sou louca mas tu nunca irás entender, pois não só de loucura vive o homem, diz-me então se o pensamento corre mais rápido que a luz ou o tempo, ou se cada passo que eu dou até ao entardecer não pode ser dado em falso. Tu não sabes se escrevi e caminhei, ou se por acaso já caí, caderno na mão e ferida no joelho, por favor não carregue aí que eu magoei-me, e o bife - nunca mais vem? - A cadeira balança e chia, não foi a porta, afinal as grades não foram oleadas, então para quê este pé direito duplo, a cama na parede e não no chão, e se aquilo de noite falhar e me estraçalhar entre o colchão e a parede, pode ser então que todos os meus passos até aqui sejam em vão, e então eu nunca chegarei até lá. Até onde eu for – até. Traga a conta e fique com o troco que eu já estou atrasada, não vê que já é de noite, e eu aqui como se não tivesse nada que fazer… desço as escadas.


quarta-feira, janeiro 14

As pessoas são dádivas


As pessoas são dádivas de Deus para mim.
Já vêm embrulhadas, algumas lindamente e outras de modo menos atraente.
Algumas foram danificadas no correio; outras chegam por “entrega especial”.
Algumas estão desamarradas, outras hermeticamente fechadas. Mas o invólucro não é a dádiva e essa é uma importante descoberta. É tão fácil cometer um erro a esse respeito, julgar o conteúdo pela aparência.

Às vezes a dádiva é aberta com facilidade; às vezes é preciso a ajuda de outros. Talvez porque já tenham sido magoados antes e não queiram ser magoados de novo. Pode ser que agora se sintam mais como “coisas” do que como pessoas “humanas”.

Sou uma pessoa: como todas as outras, também sou uma dádiva. Deus encheu-me de uma bondade que é só minha. E contudo, às vezes tenho medo de olhar para dentro do meu invólucro. Talvez eu tenha medo de me desapontar. Talvez eu não confie no meu próprio conteúdo. Ou pode ser que eu nunca tenha realmente aceite a dádiva que sou.

Todo o encontro e partilha de pessoas é uma troca de dádivas. A minha dádiva sou eu; a tua és tu.
Somos dádivas um para o outro.




(escrito anónimo, citado por John Powell e Loretta Brady, Arrancar Máscaras! Abandonar papéis!)

domingo, janeiro 11

segunda-feira, janeiro 5

Pode um desejo imenso


Pode um desejo imenso
Arder no peito tanto,
Que à branda e à viva alma o fogo intenso
Lhe gaste as nódoas do terreno manto,
E purifique em tanta alteza o espírito
Com olhos imortais
Que faz que leia mais do que vê escrito.
(...)



Camões - Ode VI