quarta-feira, julho 6

de olhos fechados


Tive o teu corpo esta noite: o teu corpo entre os meus braços; um corpo frágil que imitava o vento no meu.
Tu: nos meus braços outra vez; um corpo magro mais doente que nunca; foram só as lágrimas e o sorriso sincero (a felicidade entre os teus lábios) onde estiveste este tempo todo? o que te fizeram, que aconteceu?
Nos teus braços: não, nos meus braços, ou os teus braços nos meus braços; num abraço; digo se precisares de alguma coisa sabes que podes contar comigo, e num sorriso afastas-te como se o orgulho fosse mais forte.
Tive o teu corpo esta noite: a noite toda, acho; tive o teu corpo esta noite depois de chegar a casa; quando antes no posto dos correios julguei ver-te com um saco azul na mão à minha procura; quando antes no posto dos correios me rendi à razão que tanto procurei e só em ti achei; na recordação, na ilusão.
Tive o teu corpo esta noite: toda a noite entre os meus braços; e a manhã levou-te.
A manhã levou-te e deixou só a loucura que acontece no sono.

Quanto tempo mais.