segunda-feira, outubro 18

with tomorrow


It was more like a dream than reality
I must have thought it was a dream while you were here with me
When you were near I didn't think you would leave
When you were gone it was too much to believe

So with tomorrow I will borrow
Another moment of joy and sorrow
And another dream and another with tomorrow

So if there some day won't be time just to look behind
There won't be reasons, no descriptions for my place and mind
There was so much I was told that was not real
So many things that I could not taste but I could feel

So with tomorrow I will borrow
Another moment of joy and sorrow
And another dream and another with tomorrow


This Mortal Coil (Gene Clark)


sexta-feira, outubro 15

just vulnerable


encontro-me no desconforto
e subitamente desconheço-me;

a chuva
– outra vez a chuva no meu telhado –
outra vez a vontade de desvanecer
num estado amoral
solitário
(totalmente só)
ninguém;

outra vez a chuva no meu telhado
a escorrer pela garganta
a estalar as unhas
a bússula
e a cobrir a almofada de um desespero
de quem quer só saber de que é feito o medo
do que serão feitas as coisas que nos levam a um fim
quando nunca antes iniciadas;

depois

o orgulho a ranger nos ossos
a desilusão
por não saber calar a vulnerabilidade

terça-feira, outubro 5

lost beauty


don’t invent me
- she said -
I can hardly see the sky
like your eyes can;
you can draw my name in the sand
in the sand letter by letter
though the sea will hit the shore
though the sea will fade your dream
- and suddently she smiled while rain was catching her eyes -
life;
it’s crazy to be alive
and each night becomes more difficult
every night;
nobody;
no direction
-
and she turned her backs to me
rushing away in a kind of play
(that night)
rain was performing

domingo, outubro 3

one day i'll ask you for a dream


behind the obvious
such sensible reflection
of metaphors and fragments
- of music -
capable of
in any stave
build a symphony
exquisitely beautiful

quarta-feira, setembro 29

shadows


já não tenho o silêncio
caio à noite exausta nos lençóis
e sonho a tua pele o rosto as mãos
já não tenho o silêncio
e acordo sempre no vazio
os olhos colados em metamorfose
a carne quente inconstante treme
a janela que não abre para o rio
já não tenho o silêncio
e o teu nome agarra-se ás fotografias
o teu nome a memória as horas
e de repente tudo some
o teu nome o silêncio
já não tenho o silêncio
e tudo se desfoca

terça-feira, setembro 21

changing rooms


The lights in the city
dress me up
though I keep moving (ahead) naked
without the warmth of your hands.
So far
everything is excessive
and I can’t say the peace anymore
- I can’t say your name anymore -
without rubbing my eyes in wilderness.
So disquiet
Can remembrances be
(I think)
I know your face by heart
as I know my way home.
- Home -
is massive
between your fingers
your two hands in firmness,
your two arms in desire.
Above my pillow
(without you)
all is unfitted
and all is tawdriness.

sábado, setembro 11

sexta-feira, setembro 3

não sei porquê há qualquer coisa, há qualquer coisa hoje



eyes won't lie


no
me olvides que yo me muero
amor
mi vida sufrimiento
yo
te quiero en mi camino
por vos
cambiava mi destino

ay
abrazame esta noche
y aunque no tengas ganas
prefiero que me mientas
tristes breves nuestras vidas
acercate a mi
abrazame a ti por Dios
entregate a mis brazos

tengo
un corazón penando
yo se
que vos lo estas escuchando
con
mil lagrimas te quiero
pasión
son mi amor sincero
(...)


Rodrigo Leão - Pasíon

quarta-feira, setembro 1

half-a-tribute



half-tribute


tudo o que é nosso
guardei naquele dia
em que o teu sorriso
ultrapassou o tamanho da lua


(metade de um tributo a quem pertenço - a quem não está: não foi esquecimento; espreita dentro do meu coração)

sábado, agosto 28

Keeping Things Whole


In a field
I am the absence
of field.
This is
always the case.
Wherever I am
I am what is missing.

When I walk
I part the air
and always
the air moves in
to fill the spaces
where my body's been.

We all have reasons
for moving.
I move
to keep things whole.



(Mark Strand 1963)

quinta-feira, agosto 26

Retorno


Subitamente, perco o controlo nas horas e o coração gira (entre mãos) pelo volante. Lembro-me das palavras e de como o tempo jurava voar quando solto dos teus lábios.

Memória.

Um corpo trémulo, fragilizado por qualquer intempérie, o meu peito em asfixia. Dói-me o corpo todo – dizias – e eu tremia contigo. A mão pelos cabelos, o desejo de um poder maior (pudesse eu curar-te), os joelhos doridos a forçar o chão. Velei o teu sono e só um toque ousei na tua pele.

Retorno no tempo e penso se, ao acordar, deste conta da cicatriz nos meus olhos.

quarta-feira, agosto 25

Vácuo



no sleep


o teu lugar
será sempre este
e é sempre um pranto vê-lo vazio

ouve - um dia - um dia teremos todos os lugares para nós

segunda-feira, agosto 23

Não rasguei as tuas páginas



hold me


olho para as coisas
como se já não me pertencessem
e já nem o meu reflexo as preenche
de tão vazias que ficaram


agora - sem ti - durmo sempre num lugar estranho

quinta-feira, agosto 19

Sacrifice me


hold me


cuida bem de mim
e guarda entre mãos o que é teu
para que
quando eu voltar
possa regressar a mim

terça-feira, agosto 17

Wherever I am I am what is missing


regresso


a última vez que te vi
tinhas os olhos perdidos nos meus
- lembro-me -
estendemos as mãos em gesto de cuidado
e abraçámos os dedos
como quando o mar nos enlaçava
e me pedias para ficar

a última vez que te vi
os teus olhos desbotaram os meus
e num instante fiz a eternidade
- a música -
esse silêncio em contrabaixo
a ocupar o lugar da tua voz
esta inquietude antecipada
de quem não sabe como
desapertar o peito


quarta-feira, julho 21

Sacred Insanity


This insanity comes from the emptiness
and brings my head back from the clouds,
forcing me to recall your words,
your eyes,
your desirable love,
and i feel like
all stars could fall from the sky
and all gods could fall from even...
No tragedy would be worse
than  the impossibility of being with you
again.



sábado, julho 17

Imperícia


Triste insuficiência.
Posso encostar os braços em qualquer corpo,
suspirar onde tu não estás,
e tudo o que vem é a loucura
da tribulação.
Quando tu não estás,
quando tu não estás é ver-te ao longe
ruínas vivas por entre o fumo
os teus olhos fechados a travar um sorriso
impedindo-me de traçar qualquer castigo.
Diz-me,
porque é que os barcos fogem do mar
e as pessoas temem o amanhecer?
Também eu às vezes sem querer,
eu penso que te vou perder,
e que os dias ocuparão o meu lugar em ti,
e seguirás a vida, fugirás da morte,
e largo o mundo num segundo
sem ter para onde correr.
Hoje,
pode a lua faltar num abraço
pode o sol não nascer num sorriso,
que ficarás para sempre como esfera
a deslizar em mim sem equilíbrio,
e se a terra tremer entre os meus pés
vou bradar aos céus que pude um dia
amar-te sem crer que me trairias.


quinta-feira, julho 15

Dedicatória
(para os meus amigos e para quem é de direito)


Só a certeza de um medo sublime
a partida - enevoada pela tua beleza
capaz de talhar qualquer inocência.

Já guardo para mim as palavras,
num egoísmo funesto
de quem não sabe o que levar,
e os dias elevam-se numa exactidão atroz
tentando preencher a memória,
pois sem ti
não há o que recordar.

E na minha memória
aquele hotel diz-se num lance de escadas,
a carpete puída em cada focinho,
onde enlaçámos os dedos num movimento regrado
e largámos as malas antes de subir.

segunda-feira, julho 5

Acerca-te


Não me deixes
desistir de amar todas as rosas
que cuidadosamente plantei no teu quintal
e vi brotar dia após dia,
nem que o céu se encha de negro
e ameace cair sobre o orvalho
e as rosas pareçam murchar de tristeza
expelindo espinhos sobre o meu peito.
Não deixes
que os dias conservem as horas
da infinita queda de um qualquer fado
e esbatam as cores de todas as pétalas
cobrindo-as de pó,
para que nem da tua respiração se apercebam.
Não me deixes - por favor não me deixes
sujar-me de terra, e lama, e esterco
para ver-te chegar a sorrir à janela,
mãos limpas e cabelo à solta,
a chamar-me num canto
com um elogio nos lábios.
Anda,
esquece a loucura - pois se tudo é efémero
e entrega-te à terra de unhas fincadas
e não deixes que morra antes do tempo
a mais frágil de todas as rosas.