domingo, abril 17

amanhã


Distúrbio:
um sorriso inquieto ao amanhecer.
O sol a brincar nos teus olhos.
Dizes acho que gosto demasiado de ti,
e um lugar estranho ocupa tudo aquilo que és.
Não te sinto perto – nunca te senti perto.
Pergunto sempre onde foste e nem sei de onde surgiste.
Nunca sei dos teus olhos.
Só a memória – restrita, ausente, incapaz.
Só a memória e o amanhã não existe.
E sei,
por todos os caminhos que vagueiam nas minhas mãos,
que o amanhã não existe e que amanhã não existes,
pois se me consumiste toda em insatisfação.
Nunca fui tua.
Tiveste-me entre mãos e eu nunca fui tua.
Vivi nos teus olhos, na tua cama,
rente ao teu corpo tantas vezes e tantas vezes me perdi.
Não preciso de ti.
Não preciso de ti.
Não preciso de ti assim como ninguém precisa de quem nunca se dá.
Assim como ninguém quer um fim traçado ao início.