domingo, abril 17

um ombro - duas faces


Só a memória de um fogo incapaz:
um corpo que pulsa rendido, a tua pele branca
– pálida de incertezas –
um corpo afogado na confusão das areias.
Só o tempo se repete.
.
.
Ficaste a saber que o mundo também dorme,
que o mundo também dorme
e só a tua pele apaga as luzes da cidade.
Quando a tua cabeça é sal colado ao meu ombro
– em carne viva –
quando todos os tendões prendem todos os poemas e palavras.
Até que a loucura de dois corpos em chama se apague.
E tudo é breve.
Tudo é breve e só a memória dos teus lábios sobrevive.