terça-feira, abril 15

Escrito em Évora

"Erguias as mãos para falar às nuvens numa linguagem secreta,
dobrando a lingua e estalando os dedos.
Os teus gestos eram vagos para quem morava perto, assim,
segui-te de longe enquanto tacteavas os muros das casas.
Sentados à sombra perguntei-te sobre os segredos da matéria.
Disseste:

- Os lugares das coisas são apenas breves suspiros,
por isso me cansei da solidão das palavras ...
- De quando em quando, sacudo o pó dos quartos,
enfeito a casa com jasmim...

Então demos as mãos e esgravatámos a terra."


João Ganilho